A partida estava marcada para as 15h de sexta-feira dia 30 de Abril. Estava, digo bem. À boa maneira portuguesa, cultura na qual pareço não me inserir uma vez que eu sou de uma pontualidade a roçar o britânico, os autocarros com destino a Arouca sairam com cerca de 1h de atraso.
A viagem decorreu tranquila até ao momento em que saímos da auto-estrada. Não tendo o autocarro um GPS para se orientar, demorámos muito mais do que o previsto a chegar pois andámos a "ver a paisagem" das redondezas de Arouca em jeito de perdidos.
Chegados ao hotel, Hotel S.Pedro ***, tivemos uma reunião com o Professor e a empresa Capitão Dureza que nos ia orientar durante o fim de semana. Essa primeira reunião serviu logo para o orientador marcar uma posição e mostrar o papel de mau que iria desempenhar, diga-se, com muito sucesso. Explicaram-nos as regras do jogo que ia ser o fim de semana: cada equipa era um departamento de uma empresa imaginária e deveria haver competição mas também cooperação para que juntos conseguissemos levar a empresa a bom porto. Tínhamos mesmo um objectivo de 82,5% de desempenho para atingir.
Depois de jantarmos a correr, visto que houve um conjunto de factores que nos afastaram em muito da hora marcada para o jantar, levaram-nos para a Serra da Freita onde fizemos uma prova de orientação nocturna, com check-points onde deveríamos passar, com provas a desempenhar nos mesmos, vendo-nos obrigados a demarcar uma estratégia para escolher os check-points a que valeria a pena ir no tempo que nos tinham dado. A meio da prova um dos elementos do nosso grupo foi "raptado" e no final tivemos de entrar em negociações com os "raptores", tudo encenado claro, mas com um valor que se traduzia em pontos para a nossa equipa.
No dia seguinte, acordámos cedo e tomámos o pequeno almoço por volta das 8h30 e tivemos um novo briefing sobre o que faríamos durante o dia. Levaram-nos para uma aldeia num monte a partir de onde teríamos de fazer uma prova de orientação durante 2h, com a hipótese de levar 3 bicicletas ou não (o nosso grupo era de 6 pessoas). Deram-nos duas mochilas para o grupo com uma água, um sumo e uma barra de cereais para cada um. Decidimos não levar as bicicletas porque haveria caminhos dificeis de percorrer com as bicicletas às costas. Delineámos a estratégia dos check-points que iríamos picar e vendo o tempo a apertar os últimos quilómetros do percurso foram essencialmente feitos em corrida.
A prova terminava na Praia Fluvial da Paradinha (do rio Paiva), local onde estavam à nossa espera rafts, fatos de mergulho, capacetes e coletes. O processo de briefing, vestir fatos, apertar coletes e capacetes foi algo demorado. Começámos a prova de rafting, também com check-points que teríamos de picar. Adorei fazer rafting, é um desporto que exige um grande esforço de coordenação, esforço físico e é ainda uma grande prova de como a liderança é importante. O rio é muito limpo, em quase todos os locais consegue-se ver o fundo.
Chegámos à Praia Fluvial seguinte passado mais de 1h, eram cerca de 19h e foi quando finalmente comemos alguma coisa que não a barra de cereais que levávamos conosco. Tínhamos à nossa espera um churrasco de carnes e caldo verde. Estávamos desde o pequeno almoço só com a barra de cereais no estômago, acho que em habituei a estar sem comer e quando vi tanta comida não consegui comer mais do que um pão com salsichas grelhadas e uma água.
A prova seguinte metia armas de paintball mas não era bem paintball. As equipas tinham de se organizar entre si (nesta altura éramos 9) para distribuir as três armas a que tínhamos direito e entrar organizados no mato onde nos esperavam 3 snipers bem disfarçados no mato para nos atingir. O nosso objectivo era chegar à bandeira e roubá-la.
Eu ia à frente e vi o sniper mas não o atingindo, atingiu-me ele primeiro numa perna quando me baixei. A bala não rebentou quando me acertou e trouxe de recordação uma bela nódoa negra maior que uma moeda de 2euros.
Já eram perto de 21h quando saímos desse local e voltámos ao hotel. Tivemos 30 minutos para banho+vestir e o jantar foi servido perto das 23h. Só à noite me apercebi do escaldão que apanhei na cara e neste momento estou em processo de mudança de pele.
Como não havia actividades nessa noite, decidimos sair para beber um copo e descontrair. O copo estendeu-se pela noite fora até às 5h da manhã. Acabámos a noite a dançar na única discoteca de Arouca. A discoteca até tinha pinta, talvez porque 3/4 das pessoas que lá estavam eram dos nossos e era como se estivessemos a jogar em casa. No entanto, havia nativos particularmente engraçados no que diz respeito à dança. Que passos fantásticos observei nessa noite (estou a ser irónica...).
No dia seguinte, às 8h30, alguns de nós já estavam a tomar o pequeno almoço. Outros não foram capazes de se levantar. Tenho cá para mim que a hora de deitar não tem nada a ver com a hora de levantar e muita gente pecou pela falta de responsabilidade. Depois de mais um briefing seguimos de novo para a Serra da Freita para fazer mais uma prova de orientação, metade de bicicleta e metade a pé.
No meio da prova pudémos observar a famosa Cascata da Frecha da Mizarela, uma das maiores da Europa.
A prova terminou exactamente onde começou, nas imediações do Parque de Campismo da Serra da Freita, e onde acabámos por almoçar, tarde e a más horas, um bacalhau com grão que deixou muito a desejar.
Voltámos ao hotel para ir buscar as malas e voltar para Coimbra. A viagem de regresso foi muito mais rápida. Houve muitas conversas e risos, corte e costura, de rir até às lágrimas.
À chegada já só queria um banho e sofá e foi assim que terminei o dia de domingo: esticada no sofá a repor as energias e a sentir os músculos a latejar.
O balanço do fim de semana foi muito positivo, gostei bastante de conhecer melhor algumas pessoas e de fazer um desporto que nunca me tinha passado pela cabeça experimentar.
Às próximas edições do MBA eu aconselho a participarem no Outdoor Weekend, pois claro, para porem à prova as suas capacidades emocionais e físicas.
Nota: As fotos foram retiradas dos perfis do FB de alguns colegas do MBA.
no meu ano houve canoagem em vez de rafting, nunca experimentei mas tenho bastante curiosidade,
ResponderEliminarfoi sem dúvida uma experiência fantástica :)
Finalmente li o teu mega post. Andava há alguns dias a ganhar coragem...
ResponderEliminarUps, esqueci-me de dizer que está muito bom!
ResponderEliminarJocas
Kris, realmente foi um fim de semana do diabo :)
ResponderEliminarLuis, melhor que ler a experiência foi passar por ela não é? E eu é mesmo assim, quando é para detalhar pareço o Eça de Queirós, é descrição até à exaustão :D
Vou contratar-te para descrever o Ramalhete ainda mais pormenorizadamente.
ResponderEliminarLuís, descrevo-te o Ramalhete, as relações incestuosas de Carlos e Maria Eduarda, o suicídio de Pedro Maia, a educação à inglesa de Carlos Maia, a relação amantizada de Raquel Cohen e desse boémio e excêntrico à sua maneira que foi João da Ega. Caramba, tenho de voltar a ler Os Maias, essa grande obra, o meu livro preferido!
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