sábado, 30 de agosto de 2014

É uma necessidade

Sabes que estás a precisar de viajar quando lês "Cabo Verde" onde está escrito "Caldo Verde".

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Mar Humano, No Meio de Todos Há Alguém, de Raquel Ochoa


Ema e Samuel são os protagonistas desta história de desencontros numa época tão marcante como foi o Estado Novo. A (não) relação dos dois resume-se a muitas palavras que ficam por dizer. Na época conturbada em que viviam, os dois acabam por se distinguir no seu meio e caminhar sempre numa estrada paralela que parece nunca se cruzar.
A par com a história dos dois, surge associada à narrativa uma constante crítica social ao mesmo tempo que se mostra um amor por Portugal que corrói.
Esta é uma história absorvente, onde a amizade surge como um ponto fulcral da nossa vida enquanto indivíduos, onde a liberdade é resgatada sem nunca ter sido perdida.
Foi o primeiro livro que li de Raquel Ochoa e gostei da sua forma de escrever, sem exageros, sem cair na banalidade.
"Só tu podes contar a tua história".



"Mar Humano" parte da ligação turbulenta entre duas pessoas e penetra em temas como a longevidade da vida humana, a responsabilidade que os sentimentos acarretam, a luta pela liberdade de expressão e o impacto da ciência na evolução da consciência. Um brinde à coragem de cada indivíduo em ser autor da sua própria vida.Um romance que nos envolve entre a magia da escrita e o rasto da história de Portugal.
Fonte: fnac.pt

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Portugal - A Flor e a Foice, de J. Rentes de Carvalho


Portugal - A Flor e a Foice faz-nos uma rectrospectiva da história de Portugal desde os primórdios da Monarquia ao pós 25 de Abril. Através do olhar crítico de Rentes de Carvalho em 1975, vemos a história e os mitos cairem por terra.
Apesar da prosa fluida, por vezes, e especialmente até meio, é difícil prosseguir na leitura pois a história é-nos ali apresentada de forma tão condensada que parece que nos estão a dar uma injecção rápida da história de Portugal. Ainda assim é uma leitura interessante para quem pretende compreender melhor os meandros dos feitos históricos dos portugueses. E no fim conlcluimos que o que temos hoje, 40 anos passados da tão famosa revolução, é uma ilusão de liberdade, a emigração continua, ainda que com mais qualificações, a classe média continua a ser a mais explorada e o fosso entre ricos e pobres acentua-se cada vez mais.
Um olhar heterodoxo sobre os dias da Revolução.No ano em que se comemora o 40.º aniversário da Revolução dos Cravos, a publicação de "Portugal, a Flor e a Foice", até aqui inédito em Portugal, promete dar que falar.Escrito em 1975, em cima dos acontecimentos que então convulsionavam Portugal (e que eram acompanhados com entusiasmo e apreensão pela Europa e o resto do Mundo), "Portugal, a Flor e a Foice" é a observação pessoal que um português culto e estrangeirado faz do seu país em mudança. Nesta apreciação aguda e de tom sempre crítico, todos os mitos da História Portuguesa são, senão destruídos, pelo menos questionados: o Sebastianismo, os Descobrimentos, Fátima; denunciadas instituições como a Monarquia e a Igreja; e impiedosamente escalpelizado não apenas o antigo regime mas também, e sobretudo, o 25 de Abril. Com acesso a círculos restritos nos anos que antecederam e sucederam a Abril de 1974, e a documentos ainda hoje classificados, J. Rentes de Carvalho faz uma História alternativa da Revolução e das suas figuras de proa, em que novos factos e relações de poder se conjugam num relato sui generis, revelador e, no mínimo, desconcertante.
Fonte: fnac.pt

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Conheci-os todos

Ouvi no outro dia que era dia dos avós. Nao é um dia ainda muito comemorado, vão ser preciso ainda uns anos para fixar o dia, tal como o dia da mãe ou do pai. Tive a sorte de os poder conhecer aos quatro e ainda tive o bónus de conhecer a minha bisavó Albina, uma das melhores pessoas que conheci até hoje.

Hoje em dia ainda me restam uma avó e dois avôs.

Sempre conheci a avó materna assim, com aquele semblante pesado, magra e cheia de pressa para tudo. Parece que carrega o mundo às costas e talvez por isso já caminhe curvada. Mulher do campo, lenço na cabeça, de enxada na mão, gandaresa à moda antiga, com um pulso firme a gerir o pouco dinheiro que entrava em casa e a aplicá-lo onde ele era realmente preciso. No fundo tem bom coração, gosta de nos ajudar no que pode. Não há alfaces que saibam tão bem como aquelas que ela planta, os morangos sabem mesmo a morango, as cenouras são inconfundíveis e os ovos são sempre frescos. Não é pessoa de palavras doces e carinhos, é fria, como a vida foi com ela, ainda assim gosta mais de nós do que tudo na vida, só não o diz, mas sabemos que o sente.

Já o meu avô materno conheci-o sempre assim com um sorriso no rosto, mesmo quando a doença lhe começou a levar o cabelo e a fazê-lo emagrecer a olhos vistos nunca deixou de exibir o sorriso naquele rosto queimado pelo sol da nossa praia. Foi carteiro numa época em que o correio se distribuia a pé, mas fazia a volta de bicicleta, numa bicicleta comprada em segunda mão há mais de cinquenta anos, para poder distribuir as cartas mais depressa e ir para a pesca de tarde. Pescador de arte xávega desde que se reformou do correio é ainda hoje a alma daquela arte na minha praia.

Os 89 anos do meu avô paterno permitem-lhe dizer tudo o que lhe apetece. Dono de uma vivacidade incrível, gosta de ler até de madrugada, está sempre informado sobre benefícios e malefícios de todos os alimentos e faz questão de partilhar connosco essa informação. Viu crescer 3 filhos, 5 netos e já conta com 6 bisnetos. A vida levou-lhe a minha avó demasiado cedo. Teimoso como só ele consegue ser, ocupa o tempo no quintal e a inventar ferramentas para o ajudar no cultivo das cebolas, alhos, couves e por aí fora.

Seria muito bom se me permitissem tê-los por perto mais uns anos para a Leonor poder um dia ter boas recordações dos bisavós.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Passagem para o horizonte, de Gonçalo Cadilhe


Uma volta ao mundo de um ano, este é o sonho de qualquer pessoa que goste de viajar. Gonçalo Cadilhe, viajante profissional, foi mais longe. Realizou o sonho. Desde pequeno que Gonçalo tinha uma lista das melhores ondas do mundo que gostaria de surfar e foi com base nesse critério que Gonçalo traçou a viagem da sua vida, a viagem do ano em que fez 40 anos, a viagem que deu origem a este livro. Escolheu 12 ondas da sua lista e começou a sua viagem de volta ao mundo cheia de peripécias, reflexões e paisagens fantásticas.
Os livros do Gonçalo Cadilhe continuam a ser para mim uma inspiração para as minhas viagens e com este comecei a construir uma viagem na minha cabeça que dificilmente se poderá realizar, no entanto, sonhar ainda não paga imposto.
Gonçalo Cadilhe viveu o ano mais feliz da sua vida dando uma volta ao mundo. Este livro é um concentrado de mais de duas décadas a tratar as estradas do globo por tu. Quando completou 40 anos, Gonçalo Cadilhe arrancou para uma volta ao mundo de um ano que pretendia realizar um sonho antigo e reafirmar o sonho de vida que tem levado: viajar e escrever.Seguindo um itinerário pelos cinco continentes baseado na localização das melhores ondas de surf do planeta, saltando da pobreza extrema da América Latina e da orla do Índico para o excesso de mordomias da Polinésia e da Califórnia, Gonçalo Cadilhe deixa-nos o relato de um périplo variado e original.
Fonte: fnac.pt

sábado, 9 de agosto de 2014

Sobre a maternidade #2 - a estadia

A Leonor nasceu a 12 de Maio e no dia 15 deram-nos alta. Estivemos apenas 3 dias na maternidade, mas agora que olho para trás parece que foram tantos.
Já várias pessoas me tinham dito que as pessoas que trabalhavam naquela Maternidade eram impecáveis mas eu pude confirmar por mim própria.
A Leonor nasceu às 11:31 da manhã, a equipa que esteve no bloco operatório foi toda de uma simpatia extrema. Claro que não posso opinar sobre o profissionalismo porque a única coisa que ia vendo durante a operação era o pano verde que me meteram a tapar a área da operação, assim sendo pude ir conversando com as enfermeiras e com a anestesista que esteve sempre ao meu lado a monitorizar se tudo estava conforme previsto. Toda a equipa foi de uma simpatia e preocupação permanente, é bom ser recebido assim quando se está numa situação de ansiedade e fragilidade como é um parto.
Quando nos levaram para o quarto, logo o primeiro do piso, as enfermeiras de serviço vieram conhecer-nos, explicar-me que podia chamá-las através daquele botão caso precisasse de alguma coisa, que se fosse mesmo uma urgência para carregar duas vezes que vinham a correr. Cheguei a testar essa funcionalidade para a minha vizinha do lado e efectivamente largavam tudo quando alguém tocava duas vezes na campainha.
No primeiro dia tinha no quarto uma senhora que já tinha tido um filho, já sabia como as coisas se processavam e que me deu algumas dicas preciosas, mas no segundo dia, quando ela foi embora com o seu pequeno Guilherme, chegou o Rodrigo e a mamã, também um primeiro filho. Estávamos, portanto, as duas numa situação nova, cada uma a tentar perceber como funcionava o seu rebento. Neste processo de aprendizagem as enfermeiras foram uma peça fundamental, sempre disponíveis, sempre atentas, sempre a ajudar e a aconselhar.
Todas as manhãs a minha médica nos vinha visitar, ver se estava tudo a correr bem e dar-nos um bocadinho de mimo. Os outros médicos não nos diziam tanto, passavam só de vez em quando para fazer testes de audição ou para auscultar a Leonor ou para fazer não sei bem o quê que as drogas que me meteram para a veia não me permitem lembrar nitidamente de tudo naqueles dias. Ainda assim nunca é demais frisar que as enfermeiras daquela maternidade são incansáveis.
Ficou-me na memória e no coração a enfermeira Marta, muito despachada, muito bonita, sempre com muito atarefada mas sempre a fazer o que podia e o que não podia por nós. Guardo também na memória a estagiária enfermeira Beatriz Costa (um nome que se decora facilmente), uma menina com pouco mais de 20 anos, sempre muito querida com os bebés e com as mamãs, de uma simpatia incrível, tão prestável e amável.
Naturalmente que depois da boa experiência que tive com estas pessoas recomendo a Maternidade Daniel de Matos a quem estiver a pensar ter filhos porque o apoio que sentimos lá é meio caminho andado para uma boa recuperação e para acolher de forma saudável o bebé que acaba de se juntar à família.


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

À volta do mundo

Tinha começado há minutos o novo livro do Gonçalo Cadilhe, aquele em que ele conta a viagem que fez à volta do mundo e já a minha cabeça fervilhava de ideias. Não precisava ser um ano, 2 meses era aceitável se fosse possível. precisamos de um fio condutor para os lugares de estadia. Estava embrenhada entre pensamentos e a sua verbalização quando reparo que a Leonor me escutava muito atenta ao plano que eu ali delineava. Ou muito me engano ou teremos mais uma a gostar de viajar.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

About Time


Tim Lake vive na Cornualha, numa zona rural, e não tem muito sucesso com as raparigas. Aos 21 anos o pai conta-lhe o seu maior segredo: os homens da sua família têm a capacidade de viajar no tempo. O pai explica-lhe que assim tem a possibilidade de todos os dias ter uma segunda oportunidade e é para isso mesmo que Tim vai usar este poder. Tim muda-se para Londres e conhece Mary e imediatamente percebe que é com ela que quer ficar e por isso fará de tudo para corrigir seus erros com ela.
As cenas entre Tim e o pai são bastante divertidas e Rachel McAdams surge num registo a que já nos habituou.
Esta é uma comédia romântica ao bom estilo americano mas que vale a pena perder um bocadinho para ver.
Aos 21 anos, Tim Lake descobre que consegue viajar no tempo… Após mais uma insatisfatória festa de Ano Novo, o pai de Tim revela-lhe que os homens da sua família sempre tiveram a capacidade de viajar no tempo. Tim não pode mudar a história, mas consegue alterar o que acontece ou aconteceu na sua própria vida - então, decide tornar o seu mundo um lugar melhor… arranjando uma namorada. Infelizmente, esse feito tornou-se mais complicado do que previa. Ao mudar-se de Cornwall para Londres, para estudar advocacia, Tim finalmente conhece a belíssima, mas insegura, Mary. Apaixonam-se, mas um lamentável incidente nas viagens pelo tempo faz com que ele nunca a tenha conhecido. Assim, voltam a encontrar-se pela primeira vez, várias vezes, até que, finalmente, depois de muita astúcia a viajar no tempo, ele conquista o seu coração. Tim utiliza o seu poder para criar o pedido de casamento perfeito, para salvar o seu casamento dos piores discursos dos padrinhos e para salvar o seu melhor amigo de um desastre profissional. Mas conforme a sua vida progride, Tim descobre que a sua habilidade única não o pode salvar das mágoas, amores e dissabores que afetam todas as famílias, em todo o lado. São grandes os limites para o que se consegue com as viagens no tempo, assim como os perigos.
Fonte: cinema.sapo.pt
About Time no IMDB.

Moçambique - Para a mãe se lembrar como foi, de Manuela Gonzaga


Moçambique era o lugar onde muitos portugueses se sentiam em casa. Numa época de prosperidade, muitos portugueses rumaram às, agora, antigas colónias portuguesas em busca de uma vida e de uma liberdade que não existia na Metrópole. Este livro conta a história da família de Manuela Gonzaga, a autora, com um adequado enquadramento histórico que nos permite situar a história desta família nos acontecimentos da época. Através do discurso de Manuela conseguimos perceber como era o quotidiano naquela terra para a classe média numa época em que a guerra colonial começava a tomar algumas proporções, não só na capital Lourenço Marques mas também em sítios tão recônditos como Niassa, Vila Cabral, Tete e outros.
Este é um livro relevante apenas com factos veríditos para todos os que se interessam pelo que foi a vida em Moçambique nos anos 60 e início de 70.
«O que é que se tinha passado, e porquê? E porque é que tudo aconteceu como aconteceu?Esse trabalho começou agora a ficar concluído, pois, à medida que ajudei a levantar as névoas que ocultam o passado aos olhos da minha mãe, pude afastar algumas névoas da minha ignorância. Mas, e acima de tudo, este relato é uma grande história de amor. A nossa, da mãe e minha, e a de todos, ou quase todos, os que por ali tiveram o privilégio de passar.Uma inolvidável história de amor por Moçambique de que não queremos abrir mão, porque ninguém dispensa uma luz que, de tão forte, ainda continua a cobrir-nos de bênçãos.»
Fonte: fnac.pt