Por esta altura do ano recuo sempre no tempo. Recuo até ao ano em que fui eu a chegar a Coimbra, caloira, 17 anos na pele, uma mão cheia de expectativas e outra cheia de dúvidas. Será que me iria adaptar e ser quem costumava ser? Será que iria fazer amigos ou iria manter os que já tinha? Será que ia gostar do curso ou teria errado redondamente na escolha? Será que iria ter saudades de casa ou iria ser fácil reajustar-me a esta nova realidade? Será que me ia safar a cozinhar ou ia passar a vida em cantinas baratas?
Doze anos depois aqui continuo, eu apego-me aos lugares e às pessoas, estou perto da minha família, consigo ir jantar a casa e voltar, porque a minha casa será sempre lá, junto ao mar e aos meus. Gosto da cidade, gosto das pessoas e dos amigos que acabei por cá fazer. Os amigos da faculdade perderam-se no mundo, a ligação quebrou-se no tempo, os amigos de sempre estão por cá, outros nem por isso, mas tenho-os no coração e nos regressos a casa. Cozinhei para poucos e para muitos, ainda hoje o faço. O curso fez-se com algum custo, sobrevivi a 5 Queimas das Fitas e a muitas noites de copos com amigos e gente que mal conhecia. Sobrevivi a noites inteiras a fazer trabalhos, sozinha ou em grupo. Sobrevivi à varicela na primeira Latada. Sobrevivi a despedimentos, novos empregos, quilómetros e tempo perdidos para trabalhar fora de Coimbra, até a insolvências. Onde antigamente descobria bares e discotecas, agora descubro restaurantes novos que vão abrindo na cidade. Agora tenho uma ligação ainda mais forte a Coimbra, foi aqui que nasceu a Leonor, e esta será a casa dela. É aqui que vai ter os amigos dela, é aqui que vai crescer e aprender muita coisa. As raízes dela estarão lá ao pé do mar mas Coimbra é a sua cidade.
Como diz a canção, Coimbra é mesmo uma lição de vida. Foi e há-de continuar a ser a minha cidade preferida emprestada.
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