quinta-feira, 17 de março de 2016

O Coro dos Defuntos, de António Tavares


"O Coro dos Defuntos", de António Tavares, sagrou-se vencedor do Prémio Leya em 2015 e, como tenho lido todos os vencedores de edições anteriores, não poderia deixar passar este em branco.

O livro é composto por capítulos que se assemelham a contos, e por vezes a ligação entre eles não é evidente e chega a ser inexistente. O tipo de linguagem é diferente, com palavras a que não estamos habituados no dia-a-dia. Ainda assim faz uma descrição do Portugal rural dos anos 70 focando aspectos históricos mundiais daquela época e que foi o que mais me cativou neste livro.

Os regionalismos, em homenagem à forma de escrever de Aquilino Ribeiro - frisado pelo autor no início do livro -, são um elemento diferenciador e ao mesmo tempo cansativo ou mesmo exagerado.

A história em si parece que não desenvolve, em termos de conteúdo ficou um pouco aquém da minha expectativa, ainda assim vale sempre a pena ler.
Um belíssimo retrato do mundo rural português entre 1968 e 1974. Vivem-se tempos de grandes avanços e convulsões: os estudantes manifestam-se nas ruas de Paris e, em Memphis, é assassinado o negro que tinha um sonho; transplanta-se um coração humano e o homem pisa a Lua; somam-se as baixas americanas no Vietname e a inseminação artificial dá os primeiros passos.Porém, na pequena aldeia onde decorre a acção deste romance, os habitantes, profundamente ligados à natureza, preocupam-se sobretudo com a falta de chuva e as colheitas, a praga do míldio e a vindima; e na taberna – espécie de divã freudiano do lugar – é disso que falam, até porque os jornais que ali chegam são apenas os que embrulham as bogas do Júlio Peixeiro.E, mesmo assim, passam-se por ali coisas muito estranhas: uma velha prostituta é estrangulada, o suposto assassino some-se dentro de um penedo, a rapariga casta que colecciona santinhos sofre uma inesperada metamorfose, e a parteira, que também é bruxa, sonha com o ditador a cair da cadeira e vê crescer-lhe, qual hematoma, um enorme cravo vermelho dentro da cabeça.Quando aparece o primeiro televisor, as gentes assistem a transformações que nem sempre conseguem interpretar... António Tavares (Angola, 1960) formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. É professor do ensino secundário e, actualmente, exerce o cargo de vicepresidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz. Escreveu peças para teatro – Trilogia da Arte de Matar, Gémeos 6, O Menino Rei –, estudos e ensaios – Luís Cajão, o Homem e o Escritor; Manuel Fernandes Thomás e a Liberdade de Imprensa; Arquétipos e Mitos da Psicologia Social Figueirense; Redondo Júnior e o Teatro – entre outros. Foi jornalista, fundador e director do periódico regional A Linha do Oeste. Fundou e coordenou a revista de estudos Litorais.Como romancista, obteve uma menção honrosa no prémio Alves Redol, atribuída em 2013 pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira ao romance O Tempo Adormeceu sob o Sol da Tarde, ainda no prelo, e foi finalista do Prémio Leya 2013 com As Palavras que me Deverão Guiar um Dia. Com o romance O coro dos defuntos venceu, por unanimidade, o Prémio Leya 2015
Fonte: fnac.pt

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