terça-feira, 27 de setembro de 2016

Um Estranho no Coração, de Eduardo Sá


Este é o primeiro romance de Eduardo Sá, conhecido psicólogo de Coimbra, e cuja escrita e história não me encantou. Tem uma escrita leve e simples, não tão descritiva como gostaria e mais de análise, com um conjunto de personagens pouco vincadas e uma história com algum interesse.
Sentado num café, com o mar ao fundo, Gaspar sente a mão a tocar-lhe de leve no ombro, ouve a voz que não identifica e o chama. Vira-se para trás, leva algum tempo a reconhecê-la, assim tão pálida, escondida atrás dos óculos escuros. É a Luísa. Viu-a pela última vez vai para 42 anos, toda uma vida. E agora ali está ela, à sua frente, a sentar-se à sua mesa, como se fosse ontem. E tira os óculos. E os olhos encontram-se, a unir pontas que um dia se partiram, num verão distante, naquela mesma Nazaré. O coração de Gaspar aperta-se. É um coração velho, que já não serve. Gastou-o numa vida sem amor. E agora espera por um novo, um transplante, um milagre que lhe prolongue o prazo de validade. Agora mais do que nunca. Porque ela está ali, trazendo consigo a promessa de um futuro que não sabe se tem. Ou se algum dia terá. Romance de amor, de memórias, de reflexões, "Um Estranho no Coração" revela-nos uma faceta inesperada de Eduardo Sá. O contador de histórias continua presente, em cada página, em cada personagem. Mas desta vez usa como fio condutor uma única história, a de Gaspar; e nela projeta as suas (e as nossas) dúvidas, as decisões que tomamos, os desvios do caminho, as paragens sem porquê. E se nos oferece o balanço de uma vida vivida a medo, oferece-nos também uma ideia redentora: a segunda oportunidade, o eterno retorno.
Fonte: fnac.pt

Rio das Flores, de Miguel Sousa Tavares


A escrita de Miguel Sousa Tavares encantou-me em "Equador" e em nada me desiludiu em "Rio das Flores". A história, o contexto, a escrita, é tudo genial neste livro. À medida que se avança na leitura conhecem-se pormenores da época da Implantação da República e do Estado Novo em Portugal, da guerra civil em Espanha ou até da ditadura do Brasil. A ligar estes acontecimentos está a família Ribera Flores, uma família poderosa, alentejana com raízes espanholas, com personagens tão diferentes e com aspirações completamente opostas. Uma história brilhante que só posso recomendar.
Sevilha, 1915 - Vale do Paraíba, 1945: trinta anos da história do século XX correm ao longo das páginas deste romance, com cenário no Alentejo, Espanha e Brasil. Através da saga dos Ribera Flores, proprietários rurais alentejanos, somos transportados para os anos tumultuosos da primeira metade de um século marcado por ditaduras e confrontos sangrentos, onde o caminho que conduz à liberdade parece demasiado estreito e o preço a pagar demasiado alto. Entre o amor comum à terra que os viu nascer e o apelo pelo novo e desconhecido, entre os amores e desamores de uma vida e o confronto de ideias que os separam, dois irmãos seguem percursos diferentes, cada um deles buscando à sua maneira o lugar da coerência e da felicidade. "Rio das Flores" resulta de um minucioso e exaustivo trabalho de pesquisa histórica, que serve de pano de fundo a um enredo de amores, paixões, apego à terra e às suas tradições e, simultaneamente, à vontade de mudar a ordem estabelecida das coisas. Três gerações sucedem-se na mesma casa de família, tentando manter imutável o que a terra uniu, no meio da turbulência causada por décadas de paixões e ódios como o mundo nunca havia visto. No final sobrevivem os que não se desviaram do seu caminho.
Fonte: fnac.pt

O Apocalipse dos Trabalhadores


Ainda não sou fã dos livros de Valter Hugo Mãe, tenho vindo a lê-los aos poucos, a absorvê-los mas ainda sem encontrar a genialidade que muitos apregoam.
Foi com alguma reticência que comecei a leitura deste livro, um livro que se revelou de escrita simples mas com alguns apontamentos de maior complexidade, com uma história que começa num cenário do quotidiano mas que leva um rumo um pouco ficcional demais. Volto a frisar que a forma como o autor faz a pontuação me incomoda. Incomoda-me que não a use correctamente, tal como Saramago também não usava, se eu escrevesse assim seria um erro, sendo um autor consagrado é uma forma de arte. Não concordo.
Este é o romance mais divertido de Valter Hugo Mãe, feito da história sempre trágica de duas empregadas de limpeza e carpideiras profissionais que, entre cansaços e desilusões, encontram ainda motivos de esperança.Cada uma ao seu modo, descobrem caminhos nada óbvios para a felicidade, explicando uma inteligência que radica mais na emoção do que na prudência envergonhada do bom senso. O retrato mais genuíno de Portugal é, ao mesmo tempo, um sinal de força e de confiança para que, um dia, o país se encontre com a generosidade que define tanto o seu próprio povo.
Fonte: fnac.pt

2016 - Agosto

Descansar

Descanso foi palavra de ordem em Agosto. Foi um mês preenchido pela praia, pela pele salgada, cabelos ao vento e muitos bolos feitos com baldes e pás.

2016 - Julho

Aprender

Em Julho tive de aprender a gerir conflitos e fazer muita negociação. Passar o dia com duas crianças de dois anos muito espertas, reivindicativas e com argumentação que chegue para a idade delas foi um óptimo cenário para aprender muitas coisas.

2016 - Junho

Absorver

Em Junho foi tempo de absorver, tempo de escutar, de sentir o pulsar dos dias, absorver informação relevante para o futuro.

Diários Inéditos da Guerrilha Cubana, de Che Guevara e Raúl Castro


Este livro é um conjunto de páginas dos diários de Che Guevara, Raúl Castro e Fidel Castro que regista todos os acontecimentos relevantes a partir do momento em que partiram do México para derrubar o regime cubano.
Para quem tem alguma curiosidade sobre o socialismo cubano e a forma como se desencadeou a revolução é um livro que não podem deixar de ler.
Os diários do Che e de Raul dizem muito da natureza da Revolução Cubana e do carácter dos seus combatentes. Nas suas páginas encontramos não poucas respostas àqueles que ainda hoje se perguntam as razões de sobrevivência do processo revolucionário perante a quantidade de adversidades e obstáculos que, ao longo destes anos, desde a vitória popular do 1º de Janeiro de 1959, teve e soube enfrentar a Revolução Cubana, e do seu vigor e frescura sempre renovados. Amigos e inimigos poderão aprender ou reafirmar nestes diários de campanha o significado das ideias e os princípios da luta revolucionária, a importância decisiva nessa empresa de factores, tais como o esforço, a vontade de lutar, a decisão e a constância, o valor e o resultado final da luta. Essas são, precisamente, as experiências que legou a Revolução Cubana a todos os que noutras partes do mundo se propuseram, e se proporão no futuro, unir a sua sorte à dos pobres da terra e lutar pelo melhor destino dos seus povos. Por isso, estes diários são documentos de valor perdurável e de plena vigência nos nossos dias.
Fonte: fnac.pt

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Assim foi Auschwitz, de Primo Levi


Nesta obra Primo Levi e Leonardo de Benedetti contam, através de registos da época da libertação, como era efectivamente viver em campos de concentração, as atrocidades que se cometiam, como era feita a selecção à chegada, enfim, um rol de descrições violentas e chocantes que nos levam a pensar como é que esta chacina pôde ter lugar no século XX?
Um livro que celebra os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial Em 1945, no rescaldo do fim da Guerra e da libertação dos campos de concentração pelas forças aliadas, o exército soviético pediu a Primo Levi e a Leonardo de Benedetti, seu companheiro de campo, que redigissem uma relação detalhada das condições de vida nos Lager. O resultado foi um dos primeiros relatórios alguma vez realizados sobre os campos de extermínio. Chocante pela objectividade e detalhe, tocante pela precoce e indignada lucidez, é um testemunho extraordinário daquela que viria a ser uma das vozes mais relevantes da antologia de memórias sobre o Holocausto. Assim foi Auschwitz recolhe esse relatório e vários outros textos de Primo Levi – inéditos até hoje - sobre a experiência colectiva do Holocausto, compondo um mosaico de memórias e reflexões críticas de inestimável valor histórico e humano, tão relevantes hoje, 70 anos volvidos sobre o fim da Segunda Guerra, como no tempo em que foram escritos.
Fonte: fnac.pt

Burnt


Brilhante. Adorei o filme, adorei o cenário de cozinha, adorei o stress e a euforia dos chefs na cozinha, adorei desde o primeiro minuto até ao último. Bradley Cooper é um actor de mão cheia, que pega naquele papel de chef perdido nos vícios mundanos e cria uma personagem forte, real e tão cheia.

Fiquei com vontade de pegar nos tachos e nas panelas e pôr-me a cozinhar pratos da moda.
Adam Jones é um célebre chef afectado pela fama que entra em colapso. Procurando refazer a sua vida pessoal e profissional, regressa a Londres e acaba tomando a dianteira de um restaurante de topo.
Fonte: mag.sapo.pt
Burnt no IMDB.

Youth



Um filme que começa por ser um pouco estranho e aborrecido mas à medida que a acção avança torna-se até agradável de assistir.
Fred e Mick são dois velhos amigos com quase oitenta anos que se encontram a desfrutar de um período de férias num hotel encantador, no sopé dos Alpes. Fred é um maestro e compositor aposentado, sem intenção de voltar à sua carreira musical que abandonou há muito tempo, enquanto Mick é um realizador, que ainda trabalha, empenhado em terminar o guião do seu mais recente filme. Ambos sabem que os seus dias estão contados e decidem enfrentar o seu futuro juntos. No entanto, mais ninguém para além deles parece preocupado com o passar do tempo.
Fonte: mag.sapo.pt
Youth no IMDB.

terça-feira, 5 de julho de 2016

O flagelo dos tempos livres

Perguntavam-me no outro dia o que fazia nos tempos livres. Tinha conversa para a tarde toda. Tantas coisas que gosto de fazer, outras tantas que efectivamente faço e mais umas quantas que estão em lista de espera. Se me perguntarem o que faço neste momento nos meus tempos livres, posso dizer que planeio viagens. Viagens baratas, em modo low cost que é assim que eu viajo. O orçamento é sempre curto, mas a vontade de conhecer equivale aos sonhos do maior euromilionário, então planeio tudo ao detalhe, procuro os locais de interesse, pesquiso opiniões, somo preços de bilhetes de avião ou de comboio a entradas em museus, encaixo tudo nos dias definidos e na sola das sapatilhas. Sou feliz a planear e era bem capaz de fazer disto vida se daqui viesse o meu rendimento. Nunca mais teria de trabalhar na vida, estes momentos de planeamento seriam felicidade minha. Posso nunca vir a visitar estes sítios, posso nunca tirar os planos do papel, mas enquanto os faço sou eu mesma, sou feliz.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

2016 - Maio

Celebrar

Celebrámos o nascimento e a vida neste mês de Maio tão cheio de celebrações, celebrámos dois anos de uma felicidade até então desconhecida, juntámos família, amigos e amigos que são como família e fizemos uma grande festa em torno da amizade e da entreajuda.
Celebrar foi palavra de ordem em Maio.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

2016 - Abril

Arrumar

O mês de Abril foi claramente de arrumações, foram caixotes e caixotes que permaneciam na garagem à espera de vez que foram sendo arrumados devagarinho nos devidos lugares.
Arrumei ainda com algumas questões que ainda me faziam comichão.
Arrumei e arrumei-me.

domingo, 17 de abril de 2016

Still Alice


Alice Howland (Julianne Moore) é uma famosa professora de linguística, que começa a notar alguns problemas de memória, começam-lhe a falhar as palavras, o seu objecto de estudo de tantos anos.
Aos poucos Alice apercebe-se que algo não está bem e é-lhe diagnosticada Alzheimer aos 50 anos de idade.
O estado de Alice deteriora-se de dia para dia e é comovente ver como a família, e especialmente ela própria, luta para se manter a Alice que sempre foi.
Aterrador e comovente, são as melhores palavras para definir este filme.
Alice Howland, uma mulher de 50 anos, com um casamento feliz e três filhos já adultos, é uma reconhecida professora universitária de linguistica que começa a esquecer palavras... Quando lhe são diagnosticados sinais prematuros de Alzheimer, Alice e a sua família vêm os seus laços arduamente testados. A luta de Alice para manter a ligação à pessoa que sempre foi é assustadora, comovente e inspiradora.
Fonte: mag.sapo.pt
Still Alice no IMDB.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Gone Girl


Um filme inesperado, é assim que me apraz classificar "Gone Girl". Nick Dunne (Ben Affleck) e Amy (Rosamund Pike) vivem há 5 anos um casamento que está longe de ser um sonho, os problemas financeiros, a inércia e a falta de objectivos tornou aquele casamento numa sombra daquilo que um dia foi, em tempos longínquos.
Há um dia que Amy desaparece e Nick vê-se a braços com todo um conjunto de acusações contra a sua "perfeita" esposa juntamente com uma exposição mediática fora de comum.
É de facto um filme surpreendente, bem construído e com boas interpretações.

No quinto aniversário de casamento, Nick Dunne relata que a sua bela esposa, Amy, desapareceu. Sob a pressão da polícia e com um barulho ensurdecedor causado pelos media, o retrato da união feliz de Nick e Amy começa a desmoronar-se. Rapidamente, as mentiras, os enganos e os comportamentos estranhos de Nick fazem com que todos questionem: Será que Nick Dunne matou a sua mulher?

Fonte: mag.sapo.pt
Gone Girl no IMDB.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Um Casamento de Sonho, de Domingos Amaral


Este livro de Domingos Amaral retrata a violenta crise económica que se abateu sobre Portugal e sobre a Europa no início da década de 2000. Um grupo de amigos bem posicionados socialmente e com uma almofada financeira bastante boa vê-se a braços com um aglomerado de dívidas e dúvidas que se propagam além da conta bancária e afectam a vida pessoal e social do grupo.

Viver acima das possibilidades (com o patrocínio da banca), ou não saber descer de nível de vida quando foi preciso, foi um claro erro de muitos portugueses que contraíram dívidas astronómicas e viram a vida que tinham esfumar-se.

O livro mostra-nos uma perspectiva interessante (e quiçá um pouco exagerada) da realidade que foi lidar com a crise nas famílias mais abastadas e que só tomaram consciência que esta estava instalada quando já não conseguiam pagar as contas e tiveram de começar a vender o património.
Quando na economia crescem as dívidas, no amor crescem as dúvidas. Foi a crise económica a culpada do falhanço do casamento de Leonardo e Constança, ou havia razões mais profundas e secretas? Confrontado com a notícia de um terrível acidente no Brasil, onde estão Constança e os seus filhos, Rita e Leonardinho, o melhor amigo de Leonardo vai acompanhá-lo numa difícil viagem à Baía. É durante esse voo que Rafael se irá recordar de como tudo começou, com a majestosa festa de casamento dos seus amigos, na quinta da família de Constança, no ano de 1998. Quase vinte anos de memórias da vida de um grupo de amigos são percorridos, desde os tempos em que eram mais novos e acabados de se formar nas universidades, passando pelos casamentos e pelos nascimentos dos filhos, pela época eufórica em que o futuro era risonho e todos viviam bem, moravam em excelentes casas e viajavam pelo mundo felizes, até aos dias em que a felicidade começou a ruir, os casamentos a falhar, as traições a surgir, e a crise económica a gerar falências, dívidas e desilusões.
Fonte: fnac.pt

2016 - Março

Visitar

Apesar de Março ser o mês de visitar, apenas fomos visitar os primos da Madeira. Desde que os primos assentaram arraiais na nossa pérola atlântica, long long time ago, que não falhamos a visita anual, são visitas quase de médico, ir agora e vir daqui a pouco, mas são quebras de rotina muito saudáveis, tanto para nós, como para os miúdos que adoraram encontrar-se, correr e brincar. Pela primeira vez achei a Madeira com uma temperatura muito baixinha, vesti-me como no continente e nunca tive uma pontinha de calor. E que saudades eu tinha de uma ponchinha na Serra d'Agua...