quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Hoje lembrei-me deles

Dos amigos de infância e dos adolescência.


Desde sempre que fomos 3: eu, a A. e o R. Frequentávamos a escola do 1ºciclo da freguesia. Íamos para a escola juntos, vínhamos da escola a pé, rua abaixo ao sol, ao vento, ao frio ou à chuva. Não éramos da mesma turma, o R. estava noutra turma. Mas éramos vizinhos e por isso andávamos sempre juntos. A A. era a minha colega de carteira. Foi-o durante 2 anos. Irritava-me com ela, estava sempre a distrair-me e eu queria prestar atenção, ela sempre gostou de conversar! Ao sábado juntavamo-nos para brincar, andar de bicicleta, passear, fazer jogos. Ninguém sabia onde estavamos exactamente, andávamos pela aldeia, nas terras, nos pinhais, nos quintais alheios, a subir às árvores, a jogar às escondidas no milho, andávamos por lá. Lanchávamos na casa de um de nós e continuávamos a paródia até o Sol se esconder, altura em que tínhamos de estar em casa, caso contrário sujeitávamo-nos a um castigo. Lembro-me de um episódio engraçado em que eu e a A. andávamos empoleiradas num árvore que estava caída sobre o ribeiro do parque das merendas. A certa altura, escorregou-se-lhe um pé e ela caiu dentro de água. O dia acabou aí que tivemos de ir para casa para ela mudar de roupa. Depois houve a situação do roubo das nêsperas. Estávamos os três e fomos apanhados em cima da nespereira a comer nêsperas alheias!
A certa altura mudámos de escola para a E.B. 2,3, passámos a ser os três da mesma turma. Nesta altura conhecemos outros miúdos que vinham de outras aldeias da freguesia mas continuámos a ir para casa juntos, a fazer asneiras juntos e a brincar ao sábado.
No 7ºano, juntaram alunos de várias turmas numa só e conhecemos aquele que seria o nosso grupo de amigos. A nós 3 juntaram-se os meninos (o A. e o T.) e as meninas (D., M., C., e AC.). O grupo passou a ter 9 pessoas.
E passámos a ir os 9 para todo o lado! Começámos por fazer almoços juntos na praia, churrascos. Íamos de bicicleta com a traquitana toda em mochilas. Íamos passar tardes à praia ou à praia fluvial, sempre de bicicleta. Fazíamos quilómetros de bicicleta. Passámos de almoços a jantares.
Mudámos de escola no 10ºano e continuámos a pertencer à mesma turma. Fomos de viagem de finalistas juntos. Assistimos aos mais velhos do grupo a tirar a carta. Deixámos de andar de bicicleta e passámos a andar à boleia dos que já tinham carta. No 12ºano separámo-nos em três turmas diferentes mediante as opções que escolhemos. Fizemos amigos nas novas turmas mas continuámos a sair juntos, e a encontrarmo-nos nos intervalos e a frequentar os bares da cidade juntos. Houve situações difíceis e apoiámo-nos uns aos outros. Sofremos juntos a pressão dos Exames Nacionais. Alguns de nós entraram na Universidade, outros ficaram a fazer disciplinas e outros ficaram por ali, não quiseram estudar mais. Dos que entraram na Universidade nesse ano, foi em cursos diferentes, e até cidades diferentes. Cada um de nós conheceu pessoas diferentes mas nunca deixámos de nos encontrar. Ao longo do tempo alguns de nós perderam o contacto.
Hoje, vejo a A. bastantes vezes, moramos na mesma cidade, encontramo-nos na praia e às vezes na cidade. Ainda gostamos de conversar como antes, conseguimos passar horas a meter a conversa em dia. É a minha amiga mais antiga, sempre foi como uma irmã. Mesmo que não a veja há meses, quando a reencontro é como se a tivesse visto ontem. Anda para ir jantar lá a casa há meses. A minha agenda é o diabo, é só trabalhar e estudar e às vezes esqueço-me que também preciso de momentos com os amigos.
O R. trabalha na mesma cidade que eu. Encontramo-nos apenas na praia ou na casa dos pais (sempre foi o meu vizinho do lado). Já combinámos encontrarmo-nos na cidade para beber um copo e meter a conversa em dia mas a minha agenda preenchida ainda não permitiu.
A D. voltou a morar na aldeia e trabalha não muito longe de lá, vejo-a às vezes ao fim de semana quando aparece na praia para beber um copo.
A M. vi-a quando ainda era só estudante, já lá vai mais que muito tempo. Não sei o que faz agora.
A C. vi-a um destes dias no centro comercial ao longe. Não sei que faz da vida.
A AC. vi-a em Milfontes um fim de semana que passei por aqueles lados. Não sei onde está a morar nem a trabalhar.
O A. estuda e estou com ele muitas vezes ao fim de semana ou quando vou a Aveiro a alguma reunião que dure o dia inteiro às vezes almoço com ele para meter a conversa em dia.
O T. vi-o na passagem de ano do ano passado. Também não sei que faz da vida agora nem onde vive.
Já pensei nisto e até já falei com a A. que um dia destes havemos de orientar um jantar com esta rapaziada para relembrar velhos tempos. Há pessoas que nos marcam na vida e por vezes perdemos-lhe o rasto. Quero voltar a reunir este grupinho para ver como há coisas que nunca mudam.

3 comentários:

Luís Monteiro disse...

Daqui a uns anos juntas os amigos que fizeste durante o curso e mais tarde os que fizeste no mestrado.
É assim a vida: sempre a acumular pessoas e experiências, umas boas, outras más. Mas quando formos velhinhos, acredito que nos vamos lembrar mais das boas.

Kelle disse...

Mas tenho de te corrigir todos os dias?? MBA!! :D Eheh! Parece que me entusiasmei a escrever este post, como tu disseste escrevi um capítulo da Bíblia, da Bíblia da minha vida! :D

Ângela disse...

Bem...realmente, é tudo verdade!E também é verdade que eu sempre adorei conversar,ainda hoje!É aquela parte em que me indentifico e sou a "A."!Li tudo com muita atenção com uma ou outra lágrima a cair...pois não estava a contar de encontrar aqui esta relíquia! Prefiro a A.como irmã,do que apenas como amiga antiga!Mas o importante é que sou efectivamente irmã e amiga sempre que precises.Hoje também posso dizer que já vieste jantar cá a casa e mais algumas coisas (confidenciais) e eu já fui à tua!E que estamos juntas muitas vezes, com oportunidade até de conhecer os amigos de cada uma e até os amigos desses amigo:)
"Quando nos encontramos é como se nos tivessemos visto ontem..."Uma das frases que me disseste que mais me marcou...e que refiro vezes sem conta nas minhas milhentas conversas!!"Hoje" sou um bocadinho mais feliz que "ontem"...porque "hoje" eu tenho o "pedaço" do coração que te pertence muito preenchido!Obrigado não só pelo que sempre foste,mas pelo que continuas a ser...hoje a "família"é maior e UM DIA maior há-de ser...Uma beijoca do tamanho do mundo e quando leres isto, espero que não me ralhes pelo tamanho mas que sorrias...
Adoro-te minha querida
Ângela (A.)