quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Fui a Fátima a pé

É verdade, fui. Não fui pela crença, nem por promessa, fui pelo desafio que era para mim e pelo convívio com as pessoas que conhecia e até as que não conhecia. A minha educação foi, desde sempre, religiosa mas a certa altura desliguei-me da igreja, portanto, esta peregrinação para mim foi mais física do que espiritual. No entanto, tenho todo o respeito e admiração por quem faz a peregrinação pela fé ou pelo desespero que só quem a faz sabe o quanto custa e o sacrifício que representa.
Se é difícil? Bastante, especialmente nos moldes em que fizemos a viagem, percorrendo 50km no primeiro dia e 40km no segundo. A viagem foi feita em apenas 2 dias, e tudo seguido, só parando para comer e dormir, num grupo de 44 pessoas.
Caminhar até Fátima é uma experiência difícil de descrever, nestes dois dias de peregrinação com muito sofrimento físico vem ao de cima o melhor de cada um de nós, o espírito de entre-ajuda, a camaradagem, a solidariedade, o fazer alguém trocar as lágrimas por um sorriso ainda que tímido, a coragem, a persistência, o incentivo.
No fim do primeiro dia disse mal à minha vida, pensei seriamente no que me tinha metido, os gémeos latejavam, as bolhas nos pés doíam, até os glúteos davam sinais de si. Depois de uma noite bem dormida, o caso mudou de figura e às 5h30 da manhã do segundo dia já estava pronta para outra. Depois de algumas horas a caminhar, quando parámos para o pequeno almoço vi que a minha sapatilha estava impregnada de sangue de um dos lados, assustei-me, pois claro, mas quando vi o estado da situação não era tão grave quanto poderia parecer, eram apenas umas unhas em sangue. Fazendo uma avaliação dos dois dias de viagem, custou-me muito mais o primeiro dia do que o segundo, as dores e as bolhas foram muito mais abundantes no primeiro dia.
À entrada do Santuário de Fátima tem-se aquela sensação de dever cumprido, de objectivo atingido, é uma satisfação enorme saber que fui capaz de chegar ao fim inteira.

A subir a Serra da Boa Viagem

O início da travessia da ponte da Figueira da Foz


Hora de almoço!






É de noite, o sol ainda nem nasceu e já aqui vamos

A tragédia na sapatilha, a outra estava quase igual mas um bocadinho melhor



Não sei se um dia volto a repetir a façanha, mas agora já sei que sou capaz.

4 comentários:

Rato disse...

Eu por mim, volto lá para o ano! :)

Nuno Pinheiro disse...

Também fiz o mesmo, no nosso caso são 4 dias para fazer cerca de 200 kms. O motivo que me levou a fazer esta peregrinação foi o mesmo que o seu. E é realmente fun tástico, chegar ao santuário! Escrevi o post, com muita emoção. Para o ano vou voltar, mas para dar apoio, o que também não é fácil.

Kelle disse...

Nuno, só quem passa pela experiência de ir a Fátima a pé reconhece o sacrifício e o sofrimento a que estamos sujeitos. Foi uma experiência fantástica, mas não sei se repito :)

A Loira disse...

Olha... passei por esses sítios, onde tens as fotos. Imagino que a pé deve ser muito doloroso, de bicicleta, com a preparação que temos não se sente muita dificuldade, mas a pé é uma acto de grande coragem.