quinta-feira, 29 de abril de 2010

No tempo em que se escreviam cartas

Sempre gostei de escrever. Escrevia poemas. Escrevia textos em prosa. Escrevia histórias. Escrevia cartas. Sim, escrevia cartas. Escrever uma carta era um acto quase sagrado, sentava-me na minha secretária com um papel de rascunho e um lápis, pensava em tudo o que queria escrever e punha mãos à obra. Riscava, corrigia, re-escrevia, lia, passava a limpo, relia e finalmente enviava.
Comecei a escrever cartas aos 7 anos. Escrevia aos primos que estavam longe e que não via frequentemente. Escrevia aos amigos que fazia na praia e que só via de ano a ano. Conheci a Filipa num Verão na praia, em mil novecentos e troca o passo, todos os anos em Agosto ela voltava à praia e eu lá estava à espera da minha companheira de férias. Temos muitas histórias juntas. Escrevemo-nos durante 8 anos. Contavamos as novidades, as tristezas, os desamores, as alegrias, as vitórias, era um acto descritivo daquilo que se ia passando nas nossas vidas.
Essas cartas foram alimentando a nossa amizade. Hoje a Filipa é uma mulher casada e já não a vejo há cerca de quatro anos. Um dia vou ao Porto e telefono-lhe.
Ainda hoje quando recebo uma carta sinto o mesmo que sentia há 10 ou 15 anos. Numa época em que já só se mandam emails e sms's, sabe mesmo muito bem receber uma carta ou um postal.


Fonte da imagem: Flickr

1 comentário:

Myosotis disse...

Eu ainda hoje escrevo cartas e adooooro!! É o cheiro, é a caligrafia, é o toque pessoal, é a cumplicidade... tudo coisas que as sms´s e os email trazem!!

**Beijinhos**