terça-feira, 26 de março de 2013

A minha terra tem...


A minha terra tem um Café Central, pois claro. Tem o mar e tem a Arte Xávega, que me orgulha cada vez que vejo o barco entrar no mar, na minha terra as tradições ainda se mantêm. Tem pão fresco na porta de manhã. Tem um largo com uma igreja no meio, tem o mercado ao domingo desde que me lembro onde senhoras velhinhas vendem feijões, abóboras, batatas e legumes, tudo lá do quintal delas. Tem um barco atracado no meio de uma rotunda, tem o sol e o bom tempo mas também tem muito vento. Tem uma pista para andar a pé e de bicicleta, tem pessoas que se cumprimentam mesmo quando não se conhecem. Tem vizinhos, tios, primos em todos os graus. Tem uma União Desportiva na 3ª divisão. Tem pessoas que não sabem o meu nome mas que me identificam pelos laços familiares ou pelos olhos azuis da mãe e do avô. Tem pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte e não para praticar desporto. Tem papas de abóbora à refeição e tem também papa labeça (nunca escrevi isto) para aproveitar o resto da sopa do dia anterior. A minha terra tem mulheres e homens de trabalho, gandareses, que cultivam com muito esforço as areias conquistadas ao mar. Tem uma avenida em frente ao mar, tem pessoas que ainda fazem abanos de penas de gaivota apanhadas pela praia. Tem um rancho folclórico do qual fiz parte durante 12 anos da minha vida. Tem o S.João e a festa de arromba associada, tem bares onde posso entrar sozinha mas onde vejo sempre alguém conhecido com quem posso sentar e beber um copo.
A minha terra tem um cheiro a mar inconfundível e isso é insubstituível.

Inspirado num post da Polo Norte.

Frase do dia #65

"É verdade que a crise não nos mata de hoje para amanhã. Mói-nos devagarinho e põe-nos doentes" 
(Visão nº1042 , pp.28)

segunda-feira, 25 de março de 2013

Percebes que cresceste...

...quando o teu frigorífico tem tantos legumes e iogurtes que não sobra espaço para as minis.

domingo, 24 de março de 2013

Rock in Chiado

No Rock in Chiado a ouvir os Oitentamente, a banda de tributo aos anos 80. Estou tão fã! Fazia disto vida! Lisboa encanta-me cada vez mais!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Contraluz


"Contraluz", um filme português realizado por Fernando Fragata nos EUA.
O filme conta a história de várias pessoas que aparentemente nada têm em comum mas que após o confronto com a morte e a vida, com as dúvidas existenciais de cada um em particular e com os mais recentes acontecimentos, vão acabar por ficar ligados de alguma forma.
É um filme cativante que, como tantos outros filmes de Hollywood, ao início estranha-se e depois entranha-se. A história é profunda, faz-nos ficar a pensar mesmo depois de ter acabado o filme.
Joaquim de Almeida, Ana Cristina Oliveira e Evelina Pereira são os actores portugueses que contracenam ao lado de Scott Bailey, Joey Hagler e Skyler Day, talentos jovens mas não menos importantes por isso.
É bom ver o caminho que o cinema português tem tomado e este é um dos filmes portugueses que vale a pena.
Várias pessoas sem ligação entre si estão em situações de extremo desespero quando algo inesperado acontece que irá mudar radicalmente o rumo das suas vidas. Caberá a cada um moldar o seu destino de modo a reencontrar a felicidade. Mas há destinos que só se alcançam depois de alterar o dos outros.
Fonte: cinema.sapo.pt
Contraluz no IMDB.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Mar Português



Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


(Fernando Pessoa)
Foto: Instituto Camões

terça-feira, 19 de março de 2013

Planisfério Pessoal, de Gonçalo Cadilhe


Há livros que nos encantam e este é certamente um deles. "Planisfério Pessoal" causa-nos sentimentos controversos, temos uma inveja saudável das opções de vida de Gonçalo mas acabamos por lhe atribuir o rótulo de louco pelas aventuras e perigo em que se vê envolvido na viagem à volta do mundo sem aviões que deu origem a este seu primeiro livro.
As crónicas escritas para o Expresso compõem este livro que nos dá uma visão breve mas abrangente dos países por onde Gonçalo passou.
Mais do que um relato de uma viagem, este livro é uma reflexão sobre a vida, sobre os laços, sobre o que observa e sente.
É um livro que dá sede, sede de mais texto, sede de mais descrição, sede de mais fotografia e, sobretudo, sede de mais vivências.

Deixo aqui uma das páginas do livro que mais me marcou, pela ausência de laços do povo americano:
Um convite à viagem e à partilha da viagem, um convite a desfrutar da vida de uma forma intensa e deslumbrada... "Planisfério Pessoal" recolhe crónicas semanais que Gonçalo Cadilhe foi escrevendo e publicando no jornal Expresso ao longo de dezanove meses, enquanto viajava à volta do mundo, sem recorrer a transporte aéreo. No entanto, o resultado final não é uma simples colecção de experiências de viagem. Para lá de todas as peripécias do itinerário ou do contacto com sociedades exóticas, o viajante aborda questões tão diversificadas como a distorção das práticas de cooperação internacional, a indiferença cívica e activista dos portugueses ou a dívida histórica do capitalismo em relação à América Latina.
"Planisfério Pessoal" é ao mesmo tempo profundo mas divertido, informado mas despretensioso, crítico mas optimista, confessional mas reservado. E, fundamentalmente, um convite à viagem, à partilha da viagem e, de um modo geral, a desfrutar da vida de uma forma intensa e deslumbrada.
Fonte: fnac.pt

sexta-feira, 15 de março de 2013

Festival do Chocolate de Óbidos











O Festival do Chocolate em Óbidos este ano está muito giro, além das esculturas de chocolate tem também uma exposição de Cake Design incrível.
Já lá não ia há uns anos e a última vez que fui foi ao domingo, foi terrível, havia filas intermináveis de gente a querer ver as esculturas, desta vez optei por ir à sexta (este ano abre apenas à sexta à tarde, sábado e domingo) e foi muito mais tranquilo, vi tudo com calma, tirei as fotografias que me apeteceu. O inconveniente? Excursões de escolas com magotes de miúdos aos berros.
Correu nem ter ido na sexta passada que por acaso era dia da Mulher e à hora que cheguei as mulheres não pagavam. Poupei os 7€ da entrada que investi em chocolates e num crêpe com chocolate e morangos.
É aproveitar para ir que o Festival dura até este domingo.

terça-feira, 12 de março de 2013

S.W.A.T.: Firefight



O tenente Paul Cutler (Gariel Macht) da equipa S.W.A.T. de Los Angeles, que em 10 anos de serviço nunca perdeu um refém, é destacado para treinar a equipa S.W.A.T. de Detroit para os treinar e certificar para novas medidas anti-terrorismo e técnicas de segurança interna.
No seu primeiro resgate em Detroit a refém suicida-se e, a partir desse dia, a vida do tenente fica em perigo pois ele e a sua equipa estão na mira de um assassino profissional louco ao serviço do Governo. Ainda que a sua relação com a equipa ao início seja atribulada, pois não aceitam muito bem as mudanças impostas por Cutler, ele estabelece uma ligação com Kim Byers (Carly Pope), a psicóloga da equipa.
É um filme sem desempenhos de destaque e com uma história como tantas outras, ainda assim, está dentro do género de filmes que gosto de ver e só por isso já vale a pena.

No filme S.W.A.T. Firefight, o tenente Paul Cutler (Macht), é enviado para treinar a equipa da SWAT de Detroit, sobre as novas medidas anti-terrorismo e técnicas de segurança interna. Inesperadamente, uma chamada de rotina torna-se mortal, e um ex-agente implacável do governo chamado Walter Hatch (Patrick) jura vingança sobre Cutler e toda a equipe da S.W.A.T., por matar a mulher que ele ama. Cutler deve usar sua considerável formação e conhecimento na S.W.A.T. para salvar seus companheiros e derrotar um assassino treinado.
Fonte: MoviesPT

Não esquecer #256

Fonte da imagem: Icanread

domingo, 10 de março de 2013

Onde é que já foste muito feliz?

Na Madeira, pois claro, com os primos e com os amigos, ano após ano! Enquanto nos for possível havemos de cá voltar todos os anos e encontrar um lugar que já me é tão familiar!







terça-feira, 5 de março de 2013

The Master


"The Master" passa-se nos anos 50 e retrata a vida de um veterano da marinha, Freddie Quell (Joaquin Phoenix) que serviu durante a Segunda Guerra Mundial e, sem saber bem o que fazer com o seu futuro, se alia à Causa e ao seu carismático líder Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman). 
Através da Causa, um movimento que aparentemente é inspirado na Cientologia, Freddie começa a tentar ultrapassar os seus problemas, as marcas e as dores mentais numa espécie de auto-conhecimento e auto-controlo num jogo de afininidade com o seu líder.
O grande Joaquin Phoenix surge aqui com uma aparência carregada, muito magro, envelhecido pelo tempo e pela vida numa interpretação bastante boa. A principal razão para ver este filme é mesmo Joaquin Phoenix que esteve tanto tempo afastado do cinema e cujo regresso poderia ter tido mais impacto.
Ainda assim não foi um filme cativante, o que muito deve à temática do mesmo.
A viagem de um veterano da Marinha, Freddie, que chega a casa vindo da Guerra indeciso e inseguro em relação ao futuro, até se deixar seduzir pela Causa e pelo seu carismático líder, Lancaster Dodd.

From Paris With Love


James Reece (Jonathan Rhys Meyers) é um jovem adjundo na embaixada americana em Paris, mas na verdade Reece é um espião metódico e genial encarregue de uma missão de grande importância. Para levar a cabo essa missão chega dos Estados Unidos o veterano Charlie Wax (John Travolta), um espião experiente, irreverente e com métodos muito próprios e nada ortodoxos.
A missão envolve destruir um plano terrorista programado para a cidade de Paris e juntos terão de impedir essa ameaça, matando os terroristas envolvidos para que nada sobre dessa ameaça.
O filme acaba por se resumir muito na personagem de John Travolta, personagem essa a que o actor dá uma vida extraordinária, com um misto de humor e dureza.
O filme tem um ritmo galopante, com muitos tiroteios, perseguições, pancadaria, intrigas, suspeitas e algum humor.
Em jeito de resumo, "From Paris With Love" proporciona bons momentos de cinema e é um filme que aconselho mesmo a quem não morre de amores por filmes de acção.

FBI agent Charlie Wax: Nice work Reece. 
James Reece: [splattered in blood] What's so nice about it? 
FBI agent Charlie Wax: How 'bout the fact that he's dead and you're alive. 
Um agente sedento de brilhar, para além das sombras da sua profissão, vê o seu desejo realizado quando lhe é atribuído um novo parceiro na luta contra o crime - Wax. À medida que ambos percorrem Paris numa missão antiterrorista pacífica, o nosso jovem agente descobre que as armas mais mortíferas são aquelas que mais amamos...
Fonte: cinema.sapo.pt
From Paris With Love no IMDB.

domingo, 3 de março de 2013

Rock Planet

Quem estudou em Coimbra deve-se lembrar daquele espaço mítico na praça que era a Via Latina. Há algum tempo a Via fechou e sofreu umas obras de requalificação, abrindo como Rock Planet. O estabelecimento está aberto há meses mas só agora tive oportunidade de ir conhecer o espaço.
Em termos de aspecto está simplesmente espectacular, desde um Dodge antigo à entrada, uma Harley estacionada atrás de um dos balcões ou até um eléctrico pendurado sobre a pista de dança, a decoração está mesmo bem conseguida. A música é à antiga, dos 80s, daquela que nos faz cantar até ficarmos roucos, que nos faz olhar para o lado e ver que a faixa etária dos frequentadores do espaço vai desde malta mais jovem que nós até grupos de pessoas da idade dos nossos pais.
Fiquei mesmo fã do Rock Planet, ainda assim só tenho a apontar o facto de haver um conjunto de "artistas"com violinos eléctricos, contratados certamente, que de quando em vez interrompiam a música e começavam a tocar, afastando assim as pessoas da diversão da pista de dança, um autêntico turn off.
É um lugar que não só recomendo como espero voltar!






Workshop de Escrita de Viagens

 

Escrever sobre os lugares que visito é uma coisa que me dá gosto, para partilhar com os outros os lugares bonitos, as refeições mais baratas ou os monumentos locais, assim como gosto de ler sobre locais onde provavelmente nunca irei, e daí advém a minha admiração por Gonçalo Cadilhe, o viajante-escritor cuja escrita me fascina.
Têm-se feito alguns workshops de escrita de viagens em Lisboa e Porto, mas em Coimbra, essa cidade provinciana, é raro termos acesso a este tipo de eventos, assim que soube do evento tratei logo de me inscrever, aproveitando que nem era muito dispendioso.
Naquelas três horas em que ouvi o Gonçalo falar sobre como abordar uma revista, dicas para escrita de viagens e ideias que não estejam ainda exploradas neste tipo de escrita, tive algumas ideias que precisam ainda de ser trabalhadas, umas mais absurdas e difíceis que outras, mas ainda assim sabe muito bem ter ideias novas e começar a construir projectos na cabeça que um dia podem mesmo sair do papel.


sexta-feira, 1 de março de 2013

LX 60, de Joana Stichini Vilela e Nick Mrozowski


LX60 é um livro sobre a vida de Lisboa, os acontecimentos e as peripécias que aconteceram nos anos 60 e que mudaram a cidade para sempre. É um livro sobre a moda, sobre a música, sobre o Estado, sobre a Guerra, sobre tantos assuntos que faziam de Lisboa a cidade cosmopolita dos anos 60.
Este livro é uma cápsula do tempo que catalogou lugares, pessoas e episódios naquela década, num contexto tanto social como político.
Ler este livro é como fazer uma viagem ao passado, é um gosto enorme saber como era, como viviam, como sentiam, como vestiam, como ousavam, naquele tempo, que parece tão longínquo mas ao mesmo tempo tão próximo.
Em jeito de incentivo à leitura deste livro, numa perspectiva mais histórica, enuncio algumas curiosidades que me chamaram a atenção:

  • A música "A morte saiu à rua" de Zeca Afonso foi escrita em homenagem a José Dias Coelho, militante do PCP morto a tiro pela PIDE numa noite em Alcântara.
  • Quinze anos antes do golpe de Estado do 25 de Abril de 1974 houve uma tentative de golpe com o nome "Operação Papagaio" que tinha tudo para dar errado, e deu.
  • Cidália Moreira, aquela que foi apelidada de fadista cigana era casada com o mago Raul Karma e assistente, cuja imagem de marca era conduzir de olhos vendados.
  • A famosa expressão das "obras de Santa Engrácia" deve-se à obra que mais tempo demorou em Lisboa, tendo início em 1682 como Igreja de Santa Engrácia e fim em 1966 já como Panteão Nacional.
Esta leitura é necessária para todos aqueles que queiram compreender um pouco mais da nossa história e de acontecimentos que deram lugar ao presente.
As primeiras boîtes, os livros proibidos, os concursos de mini-saias e de ié-ié. As vedetas da TV, os bordéis, os mamarrachos, um ditador. A vida na Lisboa dos anos 60 é tudo isto, e muito mais. Baseado em factos históricos e memórias reais, esta cápsula do tempo é um antídoto para o esquecimento. Resgata personagens, cristaliza lugares, recorda escândalos e aventuras . Uma viagem surpreendente a um passado tão recente e já tão desconhecido.

Fonte: fnac.pt

Elogios de piscina


Ao contrário de segunda-feira passada em que tive a pista da piscina só para mim, ontem tive a companhia de três idosos simpáticos. Quatro pessoas numa pista, com velocidades diferentes, é coisa para me atrasar o ritmo.
Ora pois estava eu na minha empreitada, a tentar fazer o maior número de metros no menor tempo possível, quando parei um bocadinho não só para esperar por uma vaga para seguir para mais uma piscina mas também a descansar as guelras, eis senão quando um dos meus companheiros de pista, talvez o mais idoso, se vira para mim e se sai com um:
- Ai, é tão bom ter 18 anos não é?
 Eu olhei para ele para confirmar que era comigo que falava e sai-me um :
- Ui, onde é que eles já vão!
- Ai, não tem mais de 18 anos!
- Não tenho não, tenho quase mais 10!
Sorrimos os dois e eu continuei o meu treino.

Naquele momento ganhei o dia!

Fonte da imagem: weheartit