terça-feira, 27 de agosto de 2013

Berlenga

Dois anos e meio depois da última vez, voltámos para passar o fim de semana nas Caldas da Raínha já com o plano do fim de semana bem delineado: visita à ilha Berlenga, Feira Medieval de Óbidos e ainda uma passagem pela Foz do Arelho e São Martinho do Porto. O plano estava fechado e nem o mau tempo que parecia querer ficar nos atrapalhou a vida.

No sábado (13/07) por volta das 11h00 chegámos a Peniche com a ideia de apanhar o barco para a Berlenga. No caminho das Caldas para Peniche chovia, estávamos na dúvida se apanharíamos o barco ou não por causa do mau tempo. No entanto quando chegámos a Peniche, apesar das nuvens, decidimos ir. Vimos o barco grande partir e apanhámos uma lancha pequena, que levava 12 pessoas no máximo. O mar estava tranquilo, não se previa uma viagem atribulada, ainda assim depois das histórias que já tinha ouvido sobre esta viagem ia algo reticente com medo de enjoar. Não aconteceu. A viagem durou cerca de 45minutos e foi feita a conversar, a ver as vistas e a aproveitar aqueles momentos no mar.
Quando chegámos à ilha Berlenga, a maior do arquipélago e a única que se visita, o tempo esta encoberto. Não se previa grande dia por ali. Mal saímos da lancha ficámos boquiabertos com a transparência da água e a beleza da ilha.



A ilha tem um pequeno parque de campismo que, devido à enorme quantidade de gaivotas na ilha, fica com as tendas completamente pintadas de fezes de gaivota, as tendas ficam brancas, portanto.



O caminho para o Forte de S. João Baptista não é longo mas é sinuoso, tem pedras soltas, degraus de diferentes alturas, o que não é propriamente confortável para quem ia de chinelos de praia como nós.


A paisagem quando se desce para o Forte é genial, o Forte ali no meio das águas transparentes com uma pequena ponte que o liga a terra.


A curiosidade aguçou-se e vi-me obrigada a fazer uso das tecnologias para saber um pouco mais sobre a história deste Forte:
A ocupação humana da Berlenga Grande (única habitável) remonta à Antiguidade, sendo assinalada como ilha de Saturno pelos geógrafos Romanos. Posteriormente foi visitada por navegadores Muçulmanos, Vikings, corsários Francesese Ingleses.
Em 1513, com o apoio da rainha D. Leonor, monges da Ordem de São Jerónimo aí se estabeleceram com o propósito de oferecer auxílio à navegação e às vítimas dos freqüentes naufrágios naquela costa atlântica, assolada por corsários, fundando o Mosteiro da Misericórdia da Berlenga, no local onde, desde 1953, se ergue um restaurante. Entretanto, a escassez de alimentos, as doenças e os constantes assaltos de piratas e corsários MarroquinosArgelinos, Ingleses e Franceses, tornaram impossível a vida de retiro dos frades, muitas vezes incomunicáveis devido à inclemência do mar.
No contexto da Guerra da Restauração, sob o governo de D. João IV (1640-1656), o Conselho de Guerra determinou a demolição das ruínas do mosteiro abandonado e a utilização de suas pedras na construção de uma fortificação para a defesa daquele ponto estratégico do litoral. Embora se ignore a data em que as obras foram iniciadas, já em 1655, quando ainda em construção, resistiu com sucesso ao seu primeiro assalto, ao ser bombardeada por três embarcações de bandeira turca.
Em 1666, no contexto da tentativa de rapto da princesa francesa Maria Francisca Isabel de Saboia, noiva de Afonso VI (1656-67), uma esquadra espanhola integrada por 15 embarcações intentou a conquista do forte, defendido por um efetivo de pouco mais de duas dezenas de soldados sob o comando do Cabo Antônio Avelar Pessoa. Numa operação combinada de bombardeio naval e desembarque terrestre os atacantes perderam, em apenas dois dias, 400 soldados em terra e 100 nos navios (contra um morto e quatro feridos pelos defensores), sendo afundada a nau Covadonga e sériamente avariadas outras duas, afundadas no regresso a Cádiz. Traída por um desertor, sem mais munição e mantimentos, a praça finalmente se rendeu perdendo nove das peças da sua artilharia capturadas pelos invasores.
Ao tempo da Guerra Peninsular foi utilizada, como base de apoio pelas forças inglesas, numa campanha de guerrilha na qual colaborou ativamente a população de Peniche.
Posteriormente sofreu obras de restauração, com a reedificação da Capela em seu interior.
Durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), a fortaleza encontrava-se em mãos dos partidários de Miguel I de Portugal (1828-1834). Com deficiência de artilharia, entretanto, não resistiram diante do assalto dos liberais que a utilizaram como base para o assalto à cidadela de Peniche, reduto dos miguelistas.
Sem maior valor militar, diante da evolução dos meios bélicos no século XIX, foi desartilhada (1847) e abandonada passando a ser utilizada como base de apoio para a pesca comercial.
Em meados do século XX foi parcialmente restaurada e aberta ao turismo adaptada como pousada. Actualmente funciona apenas como casa-abrigo, sob a gestão da Associação dos Amigos das Berlengas.
Fonte: Wikipedia




Fizémos um piquenique nos muros do Forte, deliciosamente preparado pela minha querida S., e regressámos ao ponto de partida. Ainda que com a barriga cheia, o caminho de volta pareceu ainda mais difícil, foi preciso subir muitos degraus, cada um com o seu tamanho, uns pequenos, outros gigantescos.
Já que ali estávamos e a lancha de regresso era apenas às 17h30 decidimos ir fazer o passeio de visita às grutas da ilha. 


Passeio de barco ao largo da ilha Berlenga para visitar as grutas da ilha, que pertence ao arquipélago das Berlengas, ao largo de Peniche.


A piada do passeio não está nas grutas que por si só não são nada de extraordinário, mas sim na possibilidade de ver a ilha por fora, isto é, pelo ponto de vista do mar. Não me canso de dizer o quanto a água é transparente e bonita naquele sítio! Pelo caminho, o nosso timoneiro ia-nos chamando a atenção para algumas formações rochosas especiais, como a da baleia, a do elefante, entre outras, onde a rocha toma a forma destes animais.





Claro que isto de andar a passear faz fome, depois do passeio de barco não resistimos ao lanche: ameijoas e perceves, tudo impecavelmente confeccionado no pequeno restaurante da ilha.


No regresso o mar continuava tranquilo e ainda tivémos a oportunidade de ver três golfinhos a passear nas águas entre a Berlenga e Peniche, o condutor da nossa lancha fez até questão de dar a volta para trás para que pudéssemos ver melhor e de mais perto estes espécimes que fazem as delícias de qualquer pessoa.

No regresso ainda fomos ao Baleal fazer o segundo lanche do dia: moelas, pois claro. 
O plano para a noite manteve-se: jantar na Feira Medieval de Óbidos. Eu que só tinha ido a pequenas Feiras Medievais aqui pela zona achei a de Óbidos verdadeiramente espectacular, há realmente muito empenho e investimento neste evento.







Enquanto jantávamos cordornizes assadas, espetadas e pernas de frango ainda tivémos direito a um espectáculo de teatro mesmo à nossa frente. Uma das coisas que mais me impressionou nesta feira, além das construções que fizeram de propósito para a mesma, foram os espectáculos de rua, sempre a acontecer em vários locais ao mesmo tempo, fosse música, teatro ou outro tipo qualquer de espectáculo, em todos os lugares havia alguma coisa a acontecer.


Feira Medieval de Óbidos



Claro que a noite acabou com um copo na Foz, como não podia deixar de ser. Foi um sábado realmente preenchido. No domingo já só queríamos descanso. Fomos à praia a S. Martinho do Porto e apesar do tempo nublado não se estava mal por lá, apesar de a areia ser do mais rijo que há, mais parece que estamos deitados num bocado de cimento. Acabámos por almoçar (e quase lanchar, tal foi a extensão do almoço) por ali, com esta vista e não resistimos a brindar à vida, à nossa!




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