Equador não é só um livro, é todo um pedaço da nossa história entre folhas de papel.
Luís Bernardo Valença, um bon vivant com opiniões políticas anti-escravidão bem definidas, troca a sua vida confortável na metrópole por um cargo de Governador em S. Tomé e Príncipe, a pedido do Rei D. Carlos numa conversa em Vila Viçosa. O rei escolhe Luís Bernardo, por conselho de outrem, para uma missão equatorial de extrema importância para a metrópole: governar as ilhas com o objectivo de provar aos ingleses que não existe trabalho escravo nas roças e assim evitar o boicote aos produtos portugueses lá cultivados, cacau e café. Convencer os donos das roças de que o trabalho escravo tem de ser abolido, ensinar-lhes boas práticas, a ausência do conforto e da vida social que tinha em Lisboa são só alguns dos problemas iniciais com que Luís Bernardo se depara. Para atestar a ausência de trabalho escravo em S. Tomé e Príncipe chega o cônsul inglês e a sua linda esposa, que pode ser encarado como um inimigo para Luís Bernardo mas o único à sua altura no que diz respeito à intelectualidade.
A história em si é deliciosa, envolve-nos de tal maneira que só se quer continuar capítulos fora até ao desfecho final. O final é inesperado, em momento algum me passou pela cabeça que aquele fosse o desfecho, foi uma absoluta surpresa, o que me fez gostar ainda mais da história.
O enquadramento histórico-social do livro é muito bom, fruto de um longo e intenso trabalho de pesquisa por parte do autor que nos deu a conhecer melhor alguns dos problemas das colónias no início do século XX, nos finais da monarquia.
O romance histórico é claramente o estilo que mais me conquista e me faz ler em modo consumista.
Retrato brilhante da sociedade portuguesa nos últimos dias da Monarquia, traça um paralelo entre os serões mundanos da capital e o ambiente duro e retrógrado das colónias.
Quando, em Dezembro de 1905, Luís Bernardo é chamado por El-Rei D.Carlos a Vila Viçosa, não imaginava o que o futuro lhe reservava. Não sabia que teria de trocar a sua vida despreocupada na sociedade cosmopolita de Lisboa por uma missão tão patriótica quanto arriscada na distante ilha de S. Tomé. Não esperava que o cargo de governador e a defesa da dignidade dos trabalhadores das roças o lançassem numa rede de conflitos de interesses com a metrópole. E não contava que a descoberta do amor lhe viesse a mudar a vida. É com esta história admiravelmente bem escrita, comovente e perturbadora que Miguel Sousa Tavares inaugura a sua incursão na escrita literária. EQUADOR foi o fruto de uma longa maturação e investigação histórica que inspirou um romance fascinante vivido num período complexo da história portuguesa, no início do século XX e últimos anos da Monarquia.
Fonte: fnac.pt
2 comentários:
Também já li... e realmente o final é inesperado... Recomendo-te o Rio das Flores, se ainda não leste...
Ainda não li não, mas não foi por falta do livro que tenho-o lá em casa há anos (assim como tinha o Equador). Quando tiver oportunidade não me vou esquecer dele não :) Tks pela dica!!
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