terça-feira, 6 de julho de 2010

Irlanda #2 - 6 de Junho

Logo no 2º dia de viagem tive um problema: o adaptador de corrente estragou-se. E agora como vou manter este cabelo rebelde no sítio? Ora bem, elástico no cabelo e siga a marinha.


Saímos de Belfast em direcção à Calçada dos Gigantes (Giant's Causeway), uma obra natural resultante do arrefecimento repentino da lava de um vulcão que deu origem a milhares de colunas hexagonais, há mais de 60 milhões de anos. Esta paisagem à beira mar situada, fica no Condado de Antrim, perto da cidade de Bushmills, onde há a famosa Destilaria de Bushmills que não tivemos oportunidade de visitar. Esta Destilaria teve licença para começar a operar no século XVIII mas há registos de que 200 anos antes já ali se destilava wiskey. A Destilaria está na base da economia desta cidade. Em 1974 começou a fazer parte do grupo Jameson.


A caminho da Calçada dos Gigantes vê-se um mar muito azul e bonito. Há muitas histórias à volta da obra natural que é a Calçada dos Gigantes. Há uma lenda sobre um gigante irlandês e um escocês que passavam o tempo todo em lutas (ali estamos a 21km da Escócia, em dias limpos consegue-se avistar). De acordo com o nosso guia turístico e completando com a Wikipédia, reza assim a lenda:
Segundo uma lenda irlandesa um gigante chamado Finn MacCool queria enfrentar numa luta um gigante escocês chamado Benandonner, mas havia um problema: não existia uma embarcação com tamanho suficiente para atravessar o mar e levar um ao encontro do outro. A lenda diz que MacCool resolveu o problema construindo uma calçada que ligava os dois lados, usando enormes colunas de pedra. Benandonner aceitou o desafio e viajou pela calçada ate à Irlanda. Ele era mas forte e maior do que MacCool. Percebendo isso a esposa de Finn MacCool, de forma muito perspicaz decidiu vestir seu marido gigante como um bebé. Quando Benandonner chegou à casa dos dois e viu o bebé, pensou: “Se o bebé deste tamanho, imagine-se o pai!”, e fugiu correndo de volta para a Escócia. Para ter certeza de que não seria perseguido por Finn MacCool destruiu a estrada enquanto corria, restando apenas as pedras que agora formam a Calçada dos Gigantes.

Houve alguém corajoso que um dia contou as colunas e diz-se que são cerca de 37 mil colunas. São efectivamente mais pequenas do que aquilo que imaginei, mas isso não anula em nada a sua beleza natural. Há ainda um órgão de tubos natural na encosta de um dos montes que desce para o mar.

Seguimos para a segunda cidade mais importante da Irlanda do Norte, Londonderry ou apenas Derry. No caminho passámos por Portrush, a localidade de férias do Norte que é ponto de partida para caminhadas, tem golfe, faz-se canoagem, passeios na praia já que a temperatura não convida a banhos. Nessa localidade ainda avistámos as ruínas do castelo de Dunluce, apenas acessível por uma ponte.

Passámos pela cidade de Coleraine, onde está a sede da Universidade do Ulster. Coleraine situa-se nas margens do rio Bann.

Chegámos a Londonderry, cidade dividida pelo Rio Foyle. Tem 90 mil habitantes e é a 2ª maior da Irlanda do Norte. É apelidade de cidade Invicta porque nunca ninguém a conseguiu conquistar. O centro histórico da cidade está situado dentro de uma muralha com 8m de altura e 9m de espessura.


Após a chegada dos colonos Anglicanos, o rei Jaime I mandou fortificar a cidade. No início do século XVIII os ideiais anglicanos tomam muita força nesta região. Jaime II, quando sobe ao trono de Inglaterra (pelos ideiais católicos) tinha em Derry um grande foco protestante na Irlanda. Manda o seu exército para atacar e quando chega à margem oposta da parte fortificada, as portas são fechadas e durante 105 dias a cidade esteve cercada a ser bombardeada. Mais de metade da população morreu nesse ataque. "Não nos renderemos" foi uma frase proferida que ficou para a história. A cidade tem uma estátua com dois homens que representa a paz entre católicos e protestantes.





Foi em Derry que em 1920 houve um assassinato de 14 espectadores de futebol gaélico, assassinados pelos britânicos, o que agravou o clima de conflito entre protestantes e católicos.

A 30 de Janeiro de 1972, a Associação dos Direitos Humanos organiza uma marcha pacífica, com 15000 pessoas. O exército britânico organizou barricadas. Alguns jovens da marcha insultaram e mandaram pedras e os soldados dispararam contra eles, foi o tão conhecido Bloody Sunday, anos mais tarde imortalizado pelos U2 na sua canção Sunday Bloody Sunday. Foi aberto um inquérito, "Bloody Sunday Enquiry", para apurar culpados que acabou por ser fechado, o que desagradou aos republicanos e aí começaram os problemas em Derry, começaram a surgir ataques do IRA contra os protestantes.

No bairro católico da cidade vêem-se murais com tendências claras para a integração na República da Irlanda.

Londonderry (ou Derry) foi a última cidade da Irlanda do Norte que visitámos. Deixámos então de ver as bandeiras do Reino Unido e começámos a ver hasteadas as bandeiras da República da Irlanda, três faixas de cores diferentes cada uma com o seu significado: verde - católicos; laranja - protestantes; branco - paz e união entre católicos e protestantes.

A República da Irlanda é membro da União Europeia mas não faz parte do espaço Schengen porque não tem qualquer fronteira física que delimite a sua área com a Irlanda do Norte por isso não pôde assinar o Tratado de Schengen.

A primeira cidade da República da Irlanda que visitámos foi Sligo, e foi onde ficámos nessa noite, num hotel cujo edifício é uma expécie de ex-libris da cidade, pelo seu modernismo, localização e festas animadas.

O rio Foyle, que passa na cidade de Sligo faz um bocado de fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda. A República da Irlanda tem uma senhora à frente do Governo e tem duas línguas oficiais: inglês e gaélico.

Sligo tem 20 mil habitantes e é a sede da capital do condado com o mesmo nome. William Butler Yeats, Prémio Nobel da Literatura em 1923, tem ligação a esta cidade.

Acabámos o dia no bar do Hotel a conversar e a beber um copo. Às 23h dei-me conta das horas, não me tinha apercebido que era tão tarde porque ainda havia luz do dia, mesmo a essa hora.

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