terça-feira, 13 de julho de 2010

Irlanda #4 - 8 de Junho

Partimos para Burren cedinho, que faz parte dos 100 quilómetros quadrados do Burren National Park, a sul de Galway. É um dos locais da Irlanda com mais vestígios arqueológicos, antas e locais que se pensam ter sido de culto. Foi uma das primeiras zonas a ser colonizadas quando chegaram os  colonizadores vindos da Escócia. Acredita-se que haveria uma língua de terra que ligava esta zona à Escócia. Os nómadas viviam da caça e da pesca. A erosão da zona dá-se por questões climáticas pois está muito próximo do mar. Neste parque existem martas, arminhos e raposas. Na costa também existem muitas focas. Há uma vasta flora de zona mediterrânica e alpina. 28 das 22 espécies catalogadas de borboletas na Irlanda, existem neste parque.

Passámos em Killenora, uma pequena terra católica, que tem como chefe da diocese, imagine-se, o Papa. No século XVIII, como não havia um acordo entre a população e o bispo nomeado, a Sé decidiu que o Papa seria o chefe da diocese e ainda hoje se mantém.

Passámos também em Lisdoonvarna, que tem em Setembro um festival para se arranjarem casamentos. Vejam-me só o desespero... Tem uma estância termal que foi muito procurada pela burguesia até ao século XIX. Tem inclusive um bar muito interessante, o "The Matchmaker Bar", que tem o mesmo propósito do festival.


Chegámos finalmente aos Rochedos de Moher, um dos postais de promoção da Irlanda. Têm 230m de altura (com o mar lá em baixo) e estendem-se por 8km. São formados por longas placas de calcário e existem mais de 30 espécies de aves a viver nas fissuras da falésia. Quando o tempo está completamente limpo consegue-se ver o arquipélago das ilhas Callagan, mas não tivemos sorte e estava um pouco enublado. Os corvos são animais que estão muito presentes na Irlanda e aqui tivemos a oportunidade de ver um corvo imponente de muito perto.



A descer dos ditos rochedos conseguimos avistar a baía de Liscannor. Nos séculos XVII e XVIII esta zona era muito visitada pelos barcos portugueses e espanhóis que vinham negociar. É um local de peregrinação dos Irlandeses. A vila tem ligações à pesca e é a terra natal do inventor de submarinos John Holland, onde existe uma estátua em sua honra.

Os primeiros nómadas chegaram à Irlanda 600 a.C. e começaram a construir as primeiras aldeias. Rodeavam-nas de muralhas e iam construindo torres de observação. Os celtas, 10 séculos antes, eram individualistas e viviam em pequenos grupos e eram muito conflituosos entre eles. Devido a essa instabilidade, a ilha foi dividida em 4 e havia um rei que controlava as tribos. O São Patrício chega em meados do século IV para evangelizar esta zona da Irlanda.

A cidade de Lahinch, onde passámos de seguida, tem dois dos melhores campos de golfe da Irlanda, chega mesmo a haver naqueles campos importantes campeonatos.

Passámos também por Ennis, a cidade que homenageou Daniel O'Connel (importante líder nacionalista irlandês), apesar de não ter sido ali que nasceu.  O'Connel foi responsável por devolver aos católicos muitos dos seus direitos  como o direito de voto. Já no início do século XIX foi um dos primeiros homens que teve a coragem de lutar contra o domínio inglês na ilha.

À tarde fomos para Bunratti, local onde está um castelo de 1425 que pertencia à família O'Brian. Junto da zona onde está o castelo foi criado um museu folclórico que mostra o que seria a zona do vale do Shannon no século XIX. O castelo tem 4 torres em cada um dos lados. A grande parte da população que aqui vivia no século XIX viva da pesca e da agricultura, eram gente simples com casas ainda mais simples, que foram recriadas naquela aldeia, havendo ainda uma original. Almoçámos num restaurante da aldeia e visitámos a antiga escola, aquela que foi a casa do médico, o espaço dos moinhos de água, entre outros.























De seguida, parámos em Limerick, a 4ª maior cidade da República da Irlanda em termos de população, tem 56 mil habitantes. Tem um castelo normando, construído pelo D.João com torres redondas (do tempo do Robin dos Bosques) que fazia parte da linha de defesa da cidade. Foi uma cidade muito importante no tempo dos normandos que chegaram à Irlanda no século XII e começaram a misturar-se com a população. Os normandos chegaram depois dos vickings que também colonizaram esta parte da Europa. Os vickings chegaram em 797 d.C. vindos da actual Noruega. Antes dos vickings já lá tinham estado os celtas, que iam sempre para os extremos da Europa. Esta é uma cidade portuária. A Irlanda não tem indústria pesada. Quando entrou na União Europeia, deixou de ser só agrícola e começou-se a desenvolver com o que vinha da UE. Há indústrias farmacêuticas que se estabelecem na Irlanda (Cork e Dublin) pelos benefícios fiscais.

Continuámos viagem para Cork, a segunda cidade mais importante da República da Irlanda, com 120 mil habitantes, é mais pequena que a capital e existe algum bairrismo entre Cork e Dublin. Cork significa cortiça ou sobreiro, mas neste caso quer dizer pântano em gaélico. Visitámos a North Cathedral, uma catedral católica, e a igreja barroca do século XVIII. Na cúpula tem a representação de um salmão. O rio que atravessa a cidade é o rio Lee e é em Cork que está situada a fábrica da Heineken que apesar de não ser irlandesa, tem ali a sua produção. Cork foi, em tempos, um importante centro de produção de manteiga. O centro da cidade está numa ilha, limitado pelos braços do rio Lee. Se repararmos, notamos que o tijolo das casas é diferente porque os barcos saíam dali carregados de manteiga e quando voltavam traziam tijolo de diferentes países. A rua principal é a St. Patrick's Street, onde estão as melhores lojas de Cork. Há nessa rua uma estátua do Padre Mathew que teve um papel muito importante no período da Grande Fome. Esta rua chegou a ser um canal que ligava o Canal Norte e o Canal Sul. A Catedral de Cork tem o nome do padroeiro, St. Finnbar. Na margem sul está a Catedral Anglicana e a igreja da Trindade.



Nessa noite ficámos no Hotel Imperial South Mall numa rua paralela à St. Patrick's Street.

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