Acordar em Dublin é qualquer coisa de espectacular. Era capaz de me habituar a acordar em Dublin todos os dias. Era sim.
Começámos a visita do dia pelo Trinity College, a Universidade principal de Dublin, fundado em 1592 pela rainha Isabel I no lugar onde havia um mosteiro com monges Agostinhos. A ideia era que os anglicanos não abandonassem a Irlanda para estudar na Europa, onde predomina o Catolicismo.
Algumas das personagens mais famosas da Irlanda passaram pelo Trinity College. Só a partir de 1970 é que os católicos puderam começar a frequentar aquela Universidade.
Ao passarmos para o outro lado da ponte, avistámos um edifício antigo que é a Alfândega. Na outra margem há uma coluna de pedra calcária que marcou a chegada do povo viking.
A fachada principal do Trinity College tem duas estátuas de duas pessoas importantes: Burke e Goldsmith.
Já dentro da Universidade fomos visitar a biblioteca da Universidade e "Book of Kells", um livro onde estão os 4 Evangelhos que se pensa ter sido manuscrito na Escócia. Com o ataque dos vikings foi trazido para Dublin e guardado.
O espaço da Universidade é muito bonito, com construções antigas, dá mesmo aquele ar de Universidade cheia de história. Uma coisa muito curiosa que vimos nos jardins da Universidade foi caixotes do lixo que eles próprio fazem a compactação do lixo, funcionando a energia solar.
Seguimos a visita e andámos a passear nas ruas de Dublin, Marion Square - Oscar Wilde nasceu aqui, onde agora está a Irish American University, passámos pela National Gallery of Ireland, na Lyster House, onde desde 1945 funciona o Parlamento irlandês, até que chegámos às praças georgianas. As praças georgianas têm um propósito: como as casas não tinham jardim, era construído na praça um jardim comum fechado onde só entravam os moradores na praça. As portas de entrada das casas georgianas são uma de cada cor e têm um vitral por cima, em forma de leque, para dar luz ao hall de entrada. No rés-do-chão têm a sala de jantar e escritório. No primeiro andar está a sala de visitas. Na cave fica a cozinha e a despensa. A sala de visitas principal era o espaço mais amplo. No 2º andar estão os quartos e no último andar fica os aposentos da empregada e a sala das crianças brincarem. Esta topologia tem uma clara influência britânica. A Fitzwilliam Square é mais uma praça georgiana cheia de pequenas casas típicas. Só as casas que pertenciam à realeza é que tinham porta dupla. Numa outra praça georgiana, a St. Stephens Green, nos meses de Verão fazem-se concertos ao ar livre.
Em Dublin há um café histórico, o Bewley's, que é o nome da marca de chá mais famosa da Irlanda. Em Lawson Street existe o pub mais pequeno de Dublin, é mesmo minúsculo. Na Grafton Street vimos a estátua de Molly Malone, uma vendedeira famosa na cidade.
O castelo de Dublin, construído em 1204, foi local de residência do Governador. A Catedral de Christ Church (protestante) estava ligada aos ingleses, enquanto a Catedral de St. Patrick (católica) estava ligada aos irlandeses católicos e pobres.
A paragem seguinte foi na Guinness para visitar a fábrica. A fábrica da Guinness ocupa 26 hectares. Arthur Guinness foi o responsável pela fundação da fábrica de cerveja. Teve 21 filhos e em 1759 assinou um contrato por 9 mil anos por uma renda anual para o espaço da fábrica de 45 libras. O local onde está a fábrica chama-se St. James Gate.
A cerveja baseia-se numa cerveja inglesa preta chamada Porter. A matéria prima utilizada para fazer a Guinness inclui: cevada malteada (torrada), água de Dublin, lúpulo e levedura. A cevada torrada é que dá a cor escura à cerveja. A água utilizada vem da Serra de Wicklow que fica nos arredores de Dublin. Dizia-se, em tempos, que a cerveja era preta porque era feita com água do rio Liffey que tem as suas águas muito negras.
A cevada é transformada em malte (torrada), vai para o moinho triturar, junta-se água quente, filtra-se e junta-se o lúpulo que lhe dá um gosto picante. Ferve-se 90min, filtra-se de novo, arrefece e junta-se o fermento. Depois há o período de fermentação em que o açúcar se transforma em álcool e que dura cerca de 48h.
No final de todo o processo da visita fomos ao último andar da fábrica, ao Gravity Bar, o bar de provas da Guinness com vista a toda à volta para a cidade de Dublin.
Almoçámos na Dame Street num pequeno restaurante, e adivinhem lá, comemos o quê? Puré, pois claro!
A tarde foi livre para passear por Dublin e adquirir as últimas recordações.
À noite jantámos em Temple Bar, no bar do Hotel Arlington onde assistimos a um espectáculo de música tradicional irlandesa, uma das músicas europeias que manteve a sua vivacidade. Assistimos ainda a um espectáculo de sapateado. A Irlanda é um país com grande tradição musical, foi o único país que venceu 7 vezes o Festival da Eurovisão e obteve 2 segundos lugares. Usam-se alguns instrumentos em particular: melodeon (uma espécie de acordeão), a gaita de foles, a harpa, o banjo (uma espécie de guitarra redonda), a flauta irlandesa e a rabeca (violino). A harpa constitui o símbolo da Guinness por ser tão tradicional da Irlanda.
Depois de jantar, aproveitando que já estávamos em Temple Bar, fomos passear pelos pubs, ouvi música ao vivo, ver a alegria contagiante daquela gente e despedimo-nos de Dublin. Regressámos no dia seguinte a Portugal e eu trouxe a Irlanda, e em especial Dublin, no coração.