segunda-feira, 28 de março de 2011

À Capella

Sexta-feira passada, a noite foi passada n'à Capella a ouvir fados típicos de Coimbra, as guitarradas de Carlos Paredes e ainda algumas músicas de Zeca Afonso, tudo isto em família.
Fiz alguns vídeos e partilho aqui apenas um de um dos fados de Coimbra cantados nessa noite.

O Fado de Coimbra tem algumas particularidades, além de ser tipicamente cantado por homens, a guitarra portuguesa tem uma afinação diferente quando acompanha o Fado de Coimbra.
Muito ligado às tradições académicas da respectiva Universidade, o fado de Coimbra é exclusivamente cantado por homens e tanto os cantores como os músicos usam o traje académico: calças e batina pretas, cobertas por capa de fazenda de lã igualmente preta. Canta-se à noite, quase às escuras, em praças ou ruas da cidade. Os locais mais típicos são as escadarias do Mosteiro de Santa Cruz e da Sé Velha. Também é tradicional organizar serenatas, em que se canta junto à janela da casa da dama que se pretende conquistar.
O fado de Coimbra é acompanhado igualmente por uma guitarra portuguesa (mais correctamente uma guitarra de Coimbra) e uma guitarra clássica (também aqui chamada "viola"). No entanto, a afinação e a sonoridade da guitarra portuguesa são, em Coimbra, diferentes das do fado de Lisboa na medida em que as cordas são afinadas um tom abaixo, e a técnica de execução é diferente por forma a projectar o som do instrumento nos espaços exteriores, que são o palco privilegiado deste Fado. Também a guitarra clássica se deve afinar um tom abaixo. Esta afinação pretende transmitir à música uma sonoridade mais soturna, relativamente ao Fado de Lisboa.
Temas mais glosados: os amores estudantis, o amor pela cidade, e outros temas relacionados com a condição humana. Dos cantores ditos "clássicos", destaques para Augusto Hilário, António Menano, Edmundo Bettencourt.
No entanto, nos anos 1950 do Século XX iniciou-se um movimento que levou os novos cantores de Coimbra a adoptar a balada e o folclore. Começaram igualmente a cantar grandes poetas, clássicos e contemporâneos, como forma de resistência à ditadura de Salazar. Neste movimento destacaram-se nomes como Adriano Correia de Oliveira e José Afonso (Zeca Afonso), que tiveram um papel preponderante na autêntica revolução operada desde então na Música Popular Portuguesa.
No que respeita à guitarra portuguesa, Artur Paredes revolucionou a afinação e a forma de acompanhamento do fado de Coimbra, associando o seu nome aos cantores mais progressistas e inovadores. (Artur Paredes foi pai de Carlos Paredes, que o seguiu e que ampliou de tal forma a versatilidade da guitarra portuguesa que a tornou um instrumento conhecido em todo o mundo.)
Fado Hilário, Saudades de Coimbra ("Do Choupal até à Lapa"), Balada da Despedida do 6º Ano Médico de 1958 ("Coimbra tem mais encanto, na hora da despedida", os primeiros versos, são mais conhecidos do que o título), O meu menino é d’oiro, Samaritana – são alguns dos mais conhecidos fados de Coimbra.
Curiosamente, não é um fado de Coimbra, mas uma canção, o mais conhecido tema falando daquela cidade: Coimbra é uma lição, que teve um êxito assinalável em todo o mundo com títulos como Avril au Portugal ou April in Portugal.
Fonte: wikipedia

5 comentários:

Suzy disse...

Extraordinário...

D. disse...

Não aprecio fado. Mas adoro ler-te porque tens muita sensibilidade.

Kelle disse...

Su, foi quase um regresso às serenatas da Queima naquela Sé Velha sempre cheia de gente.

D. acho que corei!!

Merenwen disse...

Que saudades do fado de Coimbra, já faz 7 anos ( Meu Deus!!) que não o ouço! Desde a minha última Queima talvez.

Ângela disse...

Fantástico...andamos em sintonia:)
Diz aqui o P.;)