quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Aquela idade de ouro

Há uma idade de ouro em que já tudo é permitido e eu penso nisso a sorrir.
Hoje de manhã, dado que tinha de ir para a Baixa da cidade e não me apetecia levar carro nem ter de pagar estacionamento, apanhei o autocarro com tempo suficiente para imprevistos e atrasos. 
Cheguei cheia de tempo e aproveitei para me ir deliciar com um café e um pastel de nata da Pastelaria Montanha, um vício dos tempos de estudante. Como ainda não tinham montado a esplanada, dirigi-me ao interior do estabelecimento e, estando uma mesa de quatro vaga, num canto sossegado, sentei-me, sozinha.
Quando reparei estava uma senhora de alguma idade, toda vestida de luto, sentada ao meu lado, a pedir o seu habitual galão e croissant de chocolate. Olhei à volta, havia algumas mesas individuais vagas, mas a senhora escolheu sentar-se na minha mesa. Sorri. Tive vontade de meter conversa, não tive coragem. Não tivesse eu de ir para uma audiência e tenho impressão que ganhava coragem para dizer bom dia e conversar um bocadinho com as pessoas que vêm e vão na sombra das manhãs e por ali encontram o conforto da companhia no rasgar da solidão.

2 comentários:

D. disse...

<3 há momentos tão simples porém tão bons e cheios de riqueza

Lili C. disse...

Também me acontece na briosa onde costumo ir. E acho que é um hábito das pessoas de Coimbra em Lisboa nunca se deu. É pitoresco mas eu também gosto.