A ideia de falar sobre "Eu e os Livros" surgiu de um
blog que desconhecia, por sugestão de um amigo.
Não me lembro em que ponto da minha vida começou a minha relação com os livros. Não me lembro de a minha mãe me ler histórias, mas ela garante que o fazia, de outra forma eu não saberia tantas histórias infantis uma vez que nem sequer frequentei o infantário antes de ir para a escola.
Lembro-me que a coisa que mais queria aos 5 anos era aprender a ler para poder ler as placas, os letreiros, as legendas dos filmes, os livros todos que os meus pais guardavam numa estante que me parecia gigante, ler as legendas que a minha mãe escrevia nos nossos álbuns de fotografias, ler tudo.
Quando aprendi a ler, queria ler tudo mas como ainda tinha falta de prática, tudo o que metia muitas páginas cansava-me, até que adquiri a prática devida e lembro-me de ler grande parte da colecção dos livros da
Anita. Esses devem ter sido os primeiros livros dignos de nome que li na vida. Rapidamente passei à colecção
Uma Aventura, da actual Ministra da Educação, Isabel Alçada, e Ana Maria Magalhães. O meu irmão iniciou a colecção e eu continuei-a durante anos. Tínhamos um orgulho enorme na nossa colecção, longe de estar completa, mas já com muitos livros adquiridos com aquilo que nos sobrava da mesada que a mãe nos dava.
Pelo caminho lembro-me de ter lido alguns livros da colecção
Viagens no Tempo,
Rosa Minha Irmã Rosa de Alice Vieira e
A Lua Não Está à Venda, da mesma autora.
Cheguei a ficar até bastante tarde a ler livros e houve mesmo uma pequena colecção da Verbo que li cada um numa noite:
Uma Plamada na Testa de Maria Alberta Menéres,
O Ovo de Mamute de Maria Alexandra Cóias,
O Chão e a Estrela de Matilde Rosa Araújo,
Um Segredo... Dois Segredos... de Natércia Rocha.
Na altura, além da colecção da Uma Aventura, não comprava muitos livros porque os meus pais tinham uma estante cheia deles e eu sonhava com o dia em que os ia ter todos lidos.
Naturalmente que também fui lendo livros de leitura obrigatória na escola, como
Os Maias, aquele que é ainda hoje um dos livros preferidos. Li há pouco tempo
A Cidade e as Serras e continuo a adorar a forma de escrever do Eça, mesmo quando se perde em descrições que fazem a minha mente fervilhar com imagens da sua descrição.
Lembro-me pouco dos livros de leitura obrigatória, li a peça
Felizmente Há Luar, de Luis de Sttau Monteiro, que um dia hei-de reler pois na altura não entendi muito bem a mensagem.
A Aparição, de Vergílio Ferreira, foi, provavelmente, a minha pedra no sapato naquela época. Não consegui terminar a sua leitura, aliás, nem a meio do livro cheguei, aborrecia-me muito e decidi que não me queria massacrar mais. O certo é que nesse ano tive a nota mais alta a Português no teste que se referia a este livro, 18.3, lembro-me como se fosse hoje.
Sempre li bastante, fosse em tempo de aulas, fosse em férias. Gostava muito de ler, talvez um pouco influenciada pela minha mãe que, na sua condição de professora, me incentivava a ler e lia também.
A Lua de Joana foi um livro que me marcou muito, aquela história não me era de todo estranha, conseguia aplicá-la a parte do meu mundo e isso fez-me ler o livro num ápice e ter medo que o desfecho fosse aquele mesmo. Lembro-me de devorar o
Diário de Anne Frank na época em que me comecei a interessar pela história e pela época do holocausto.
Foi mais ou menos na mesma época que J.K.Rowling começou a lançar livros
Harry Potter em catadupa e eu a consumi-los à mesma velocidade, o meu irmão comprou uns livros, acabaram por me oferecer outros da colecção e hoje falta-me ler o último, talvez porque os filmes me deram cabo das cenas que imaginei ao ler o livro. Um dia ainda o leio.
Ao entrar na Universidade notei que lia menos, tinha uma vida mais agitada e faltava-me aquela paz e aquele sossego para me dedicar calmamente à leitura, mas ainda assim nunca deixei em algum momento de ler, de tudo: Nicholas Sparks, Tiago Rebelo, José Saramago, Daniel Sampaio, Paulo Coelho, Pepetela, Manuel Alegre, Elizabeth Gilbert, Miguel Sousa Tavares, Gonçalo Cadilhe, Domingos Amaral, Margarida Rebelo Pinto, assim mesmo tudo no mesmo saco, entre muitos outros.
Ultimamente, por causa do MBA e não só, tenho lido muitos livros técnicos.
Houve uma vez dois livros que comecei a ler e nunca cheguei a terminar: Viagem ao Mundo da Droga e Fazes-me falta de Inês Pedrosa, não fui capaz mesmo!
Adoro ler e adoro comprar livros, é todo um processo muito meu este de adquirir livros. Tenho uma estante repleta de livros que ainda não li mas que espero poder vir a ler, uns atrás dos outros, nem que seja na velhice, adoro emprestar livros aos amigos, sinto-me a partilhar uma experiência, é sempre um prazer emprestar um livro.
Nos últimos tempos tenho tido algum interesse em ler livros que tenham como base a história da 2ª Guerra Mundial ou do 25 de Abril, e tudo o que isso envolva. Quando fiz anos os meus amigos ofereceram-me uma triologia de Jorge Amado que espero ler em breve, tenho muita curiosidade mas temo não conseguir ler mais nada enquanto não os terminar e como neste momento tenho de ler muitos artigos científicos e livros técnicos de Marketing, não quero começá-los, estão religiosamente guardados à espera da sua vez.
Gosto de falar sobre os livros que li com pessoas que também já os leram, aquela troca de ideias sobre o livro entusiasma-me!
Na minha família, tirando a mãe, o mano e o avô paterno (aos 85 anos devora livros), pouca gente gosta de ler. O pai vai lendo de tempos a tempos, os primos não têm esse hábito e o maior desgosto é mesmo o meu afilhado de 11 anos detestar ler. Gostava tanto de lhe poder oferecer livros que lhe dessem gosto ler, mas sei que isso não vai acontecer.
Prometo aqui que, quando terminar a minha Tese de Mestrado, vou disponibilizar muito mais tempo para a leitura dos meus livros de lazer, é uma promessa que faço a mim mesma, porque é algo que me dá gosto e me completa.
Foto tirada na estante em casa dos pais