domingo, 1 de maio de 2011

Mãe


Obrigava-me a comer vegetais.
Deixava-me sair de casa ao sábado depois de almoço, brincar a tarde inteira com a condição de estar de volta antes de jantar.
Não me deixava comer porcarias que engordassem, não queria que fossemos obesos.
Não me deixava sair à noite sem saber com quem ia, onde e a que horas voltava.
Sempre me deu limite de horas para chegar a casa, mesmo quando os meus amigos já podiam chegar às horas que queriam.
Dizia-me "Não" várias vezes, e um "não" com ela era efectivamente um "não".
Incentivava-me a ler.
Deixava-me em casa da avó quando ia trabalhar e ia-me buscar de novo depois do trabalho, e chorava a vê-la afastar-se estrada fora.
Pedia todos os dias para me levar com ela para a escola e esporadicamente isso acontecia.
Arregalava muito os olhos quando me portava mal em público, e se eu sabia o que aquilo significava...
Dizia-me "em casa conversamos", com aquele ar sério, e o meu batimento cardíaco disparava até chegar a casa a pensar como ia ser a conversa.
Lembro-me quando rasguei umas calças novas na escola e chorei o caminho todo não pelo joelho esburacado e cheio de sangue, mas por ter um furo nas calças novas e achar que a minha mãe me ia ralhar muito. Quando cheguei a casa contei-lhe a medo e ela disse que não havia problema, que se punha um remendo, acho que fiquei até um bocadinho desiludida de ter chorado tanto para nada!
Mimava-me muito, mas só em casa que eu nunca gostei de manifestações de carinho em público.
A minha mãe sempre foi uma mãe galinha!

Hoje faz-me as minhas comidas favoritas sempre que vou almoçar a casa.
Sempre que lhe telefono queixa-se que há tanto tempo que eu não telefonava.
Ainda hoje quer que eu coma vegetais e ralha-me quando como pão.
Preocupa-se quando estou sozinha em casa.
Prepara-me saquinhos de legumes e afins ao fim de semana para eu comer toda a semana.
Faz os meus doces preferidos porque ela é assim, gosta de agradar.
Às vezes ainda me ralha por eu responder torto, há coisas que nunca mudam.
Faz 40km para me vir trazer bolos da Páscoa quentinhos, acabados de cozer.

Feliz Dia à melhor Mãe do mundo, a minha!

Fonte da imagem: weheartit

1 comentário:

Janaina Cruz disse...

Mãe é como uma escadinha humana que nos ensina a subir em lugares, onde estaremos muito bem guardados.

Teu blog é lindo, passo a segui-lo!